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domingo, 30 de dezembro de 2012

Noite de Sábado

Sabe quando estamos doidos para fazer algo a noite e o filho não dorme? Acha de ficar até tarde acordado justo naquele dia, naquela hora? Ontem passei por isso. Não que tenha sido a primeira vez. Quem tem filho (s) que o diga. Mas eu tinha combinado comigo mesma de assistir ao programa Altas Horas. Teria a presença de Fábio Jr. e eu como grande parte da mulherada, sou apaixonada por ele. Amor antigo, desde criança, quando eram pra ele vinte e poucos anos. Mais cedo, brinquei um pouco com Galeno de resolver tarefinhas nessas revistas com atividades, juntei brinquedos espalhados pela casa, coloquei de volta umas bolas que ele havia tirado da pequena árvore de Natal, fiquei um tempo na internet, tomei um banho e finalmente fui para meu quarto esperar os minutos que faltavam.
- Quero um nescau!!
- Abra a geladeira e pegue lá. Está feito.
Programa começado. Super divertido como sempre. O apresentador, um dos meus preferidos, é um cara inteligente e sempre respeita a resposta do entrevistado. Jamais atropela uma fala. Bem dinâmico os quadros.
- Mãe, posso ficar aqui com você? Esse teu "pogama" já tá terminando?
Expliquei que ele podia desde que me deixasse assistir em paz.
- Vira para o lado do teu pai, fecha os olhos e espera o sono descer (ele diz que o sono fica no teto e quanto mais devagar desce, mais lentamente chega o sono).
Cada propaganda que entrava um pedido: água, banheiro, um cisco no olho, conversas das mais variadas, um boneco entre nós (Lagarto, o vilão de um dos filmes do Homem Aranha), a troca da blusa do pijama que molhou, acende e apaga a luz, colorir revista de heróis, reclamações do ronco do pai, mexe na piranha que segura os meus cabelos, quer uma canção de ninar, uma história, beijos, atenção...
Até que eu estava paciente. Ele sozinho perambulando pelo apartamento. Mexendo numa coisa e outra e eu doida para assistir em paz. Temos uma brincadeira que o pé dele se transforma em microfone. Brincando ele permite que eu veja o vídeo, escute a música e embora ele fique rindo, mantem-se quieto. Ontem não foi diferente. Num determinado momento quando comecei a acompanhar a música da vez ele deitou e levantou aquele pé lindo. Segurei como sempre e comecei a cantar, claro que fazendo graça (macaquices). Ele ria e eu também.
Em um dos intervalos fui novamente pegar água, mas dessa vez pra mim. Ele veio junto a cozinha e pegou um pedaço de chocolate. Ao chegar no quarto já havia começado outro bloco e derrubei o copo de água na cama, claro que no local onde durmo. Do meu, sempre lado. Nada que dois lençois dobrados e colocados no lugar não desse um jeito. Ele tagarelando o tempo todo. "Viu como essas coisas acontecem?"
Haviam outros convidados no Altas Horas. Sandy, o pai dela, os filhos de Fábio Jr., um casal de jornalistas, a sexóloga. Era um olho no que passava e outro em Galeno. A certa altura dentro, praticamente do guarda-roupas que por sua causa está com umas das portas por cair. Coisa que a gente vai deixando para ajeitar depois. Nisso o problema vai aumentando até a gente odiar o bicho lá.
- Vem pra cá, rapaz! Porque você não vai para o seu quarto assistir o Cartoon, ou brincar com seus bonecos? Quando terminar eu te chamo!
Não, ele não queria ir. Queria conversar comigo, fazer perguntas doidas, muitas destas sem respostas. Achou de fazer uma tatuagem nas costas do pai que dormia sem camisa. Pegou o hidrocor e foi fazer sua arte. Também pintou as unhas dele. E de rosa. A tal pink!!! Eu escutando as conversas de Michael Teló de quem não sou fã e ignorava até ontem. Achei o cara simpático, inteligente. Gostei dele. E ele toca sanfona! Não vou mais criticar " Ai se eu te pego".
- Mamãe, aquela estória de tu ser de Marte acho que é brincadeira sua. Essa sua nave nunca vem te pegar!!!E esse teu disfarce não desaprega de você não. Nos filhos do Ben 10 dá pra saber dessas coisas!!
Ele conversava o tempo todo. A maioria das coisas eu realmente não ouvi. Indagava se estava perto de acabar. E para acabar de completar quis outro nescau. Morri! Jamais deixo uma lata de leite acabar sem já ter comprado outra. Mas aconteceu. Não tinha o tal 5 +. Outro leite nem que eu diga que vale um presente, jamais é ingerido. Taquei uns quadradinhos de Diamante Negro nele assegurando que era tipo o achocolatado que ele queria tomar e mais água e mais necessidade de ir ao banheiro!
E o programa do Serginho seguindo. Eu ria de lá e de cá. As perguntas dos adolescentes para a sexóloga são demais. Adoro!! Ela, uma mulher muito bonita e inteligente de respostas rápidas e de fácil entendimento. Acho engraçado esse tabu que existe no falar sobre sexo. Nunca vi problema nisso. Soube lidar com essa coisa desde cedo. Conversava com minhas amigas e também com amigos. Lembrei de um amigo da época de colégio. Eu namorava há alguns meses com um garoto e ele me perguntou se eu ainda era virgem. Respondi: ainda! Mas ele duvidara, pois disse que namoro de muito tempo só com beijo na boca perdia a graça e que iam surgindo "coisitas a mais". De fato!!Não me ofendi com a pergunta. Ele é gente boa. Ainda hoje somos amigos. Mas minhas amigas ficaram indignadas quando contei. Nos dias em que estamos isso não é problema, né? Enfim, os adolescente de agora não têm mais essa besteira de clubes da Luluzinha ou Bolinha. Maldade na mente ficou para trás. Graças a facilidade de comunicação e informação.
- Mamãe, o que é espermatozóide?
Olhei para Galeno pasma. Ele diz: " cono" ao invés de QUANDO, diz " pá mim ao invés de PRA MIM, mas espermatozóide que ele acabou de ouvir sem estar ligado na TV, porque estava pintando um palhaço, ele soube captar num passe de mágica e pronunciou perfeitamente. Só que ele pintava, mas estava ligado, mesmo,ao que eu assistia, claro!
Expliquei de uma forma que ele entendesse. Mas  ele não ligou muito para aquilo, não. Seu interesse  era em assistir o Cartoon.
Se eu soubesse ligar, montar o XBOX dele, teria dado para eu assistir meu programa em paz. Fico nessa de chamar meus filhos mais velhos: fulano liga aqui pra mim....fulano, coloca crédito pela net em meu celular...fulano, baixa um filme....fulano, coloca umas músicas legais de tal cantor no pen drive pra mim.....fulano, muda os cabos USB, HDMI (saber os nomes já é um bom começo)....fulano, a TV a cabo travou....fulano, coloca aí no tablet aquele coisa de fotos....fulano, configura meu celular pra tal coisa.....uma infinidade de pedidos sem a mínima preocupação em eu mesma aprender para fazer. Aí fico nessa dependência e sem privacidade para assistir e ouvir o que eu quero. Uma dia desses galeno me ensinou a abrir janelas. Eu sempre fechava uma coisa para abrir outra e ele percebendo me disse: " não pecisa fechar, abre outra aqui e coloca o que tu quer , mamãe!!" Pode?? Pode!!
Sem falar de que eu não sei o que é skype. Juro que não sei. Imagino ser um tipo de msn, mas saber onde acho isso para usar, não vou mentir, não sei nem por onde começar. Jamais me interessei em usar tal coisa!! Mas estou pensando em reverter esse quadro. Não vou mais pedir para que façam essas coisas para mim. Eu mesma terei que me informar e atualizar-me. Dessa forma conviverei melhor com os outros no meu dia a dia.Não vou passar pela Sídrome do Ninho Vazio, tão cedo por ter um filho temporão, então tenho que mudar o meu quadro de ignorância no que diz respeito à tecnologia.
Se não me engano Fábio Jr, terminou o programa cantando Caça e Caçador. A essa altura eu já estava atrás do Galeno que mastigando um pequeno brinquedo de barracha, procurava uma tesoura em seu armário para cortar um pedaço da caixa do celular novo do pai. Este que estava em cima da mesa, meio que jogado, porque ele ama caixas de todos os tamanhos. Fiz a reclamação mais uma vez para que ele levasse em consideração a primeiro pedir antes de se apossar do que não é dele.
Enfim, fomos para o meu quarto. Com a luz apagada por imposição minha, ficamos conversando, cantando e contando estórias que eu sempre invento e esqueço depois. Conto as mesmas estórias, mas mudando os meios até chegar ao sempre final onde o vilão perde, embora dê muita surra no mocinho. - Será que na vida real é assim, mamãe???
- Às vezes, sim!!
- Posso ser metande vilão, metado herói?
- Gostaria que você fosse gente de bem. Agora se tiver horas que você será mocinho para uns e vilão para outros, só mesmo lá na frente. É vida mais para frente, Galeno. Não se preocupe com isso!
- Mamãe, amanhã quando meu papai acordar, eu vou dizer pra ele trabalhar e te dar todo o dinheiro. Eu amo tu direto em nossa casinha.
E assim mudando de assunto, Galeno finalmente dormiu. E eu que estava doida para me livrar, fiquei o beijando sentindo uma leve culpa por ter desejado tanto que ele dormisse logo!!

Valéria Hidd


sábado, 29 de dezembro de 2012

Conversa por e-mail

 Lela
Oi amiga, bom dia!
Vc está por um acaso por aí?? Como te achar se um dos seus celulares está desligado e outro diz que vc não existe? Está última informção me deixou uma prego na cabeça. Quem é então a minha amiga que briga no trânsito e que  me faz dizer: Patrícia, o povo hj mata por qualquer coisa!
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Pat
Oi miga!!
Eu existo viu (não sei como coloca o ponto de interrogação nessa coisa aqui). O seu Vivo está dando desligado, miguinha. E o seu Tim não completa a ligação. Saudade de vc!! Vc sabe né que o Bruno engravidou uma modelo? Mermã, nos dias de hj esse povo ainda cai nessas coisas!!!
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Lela
Oh mermãzinha de Deus, como tu sabe disso e eu não sei?? (O CORAÇÃO ACELEROU)
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Pat
Ai tu não viu? Acabou o casamento dele!!!
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Lela
Louca de quem vc está falando? Tá lembrada que tenho um filho chamado Bruno? Pqp tô tentando te ligar e ainda não está dando. Quero te contar um babado...
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Pat
Do Bruno gagliasso. kkkkkkkkkkkk Eu vi isso que uma modelo engradidou dele. Oh fiquei com pena da Giovanna sei lá o que....formavam um casal tão bonitim...eita e que babado é. Diz por aqui mesmo. Vc tem mania de dizer que seu celular é grampeado, então diz por aqui!!!
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Lela
Mulher, diz uma coisa; tu é íntima do Bruno Gagliasso pra chamar ele só pelo primeiro nome/ Achei que era o Bruno daqui de casa. Nossa passou uma coisa na minha cabeça. Achei que ele tinha engravidado uma puta de Bethe Cuscuz ( puteiro famosos de The). Imaginei que a bicha se dizia modelo!!! Tu é doida. Não mermã, por aqui não. Só tem graça ao vivo mesmo. Né nada de mais, não...Poxa que celular escroto..
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Pat
Odeio gerente de banco mulher. Droga, quando é homem num instante se resolve a coisa. Mulher é lenta pra essas coisas. Tu não acha, não?? Não adianta essas operadoras estão uma droga. Nossa que fome....
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Lela
Se acho???Eu detesto. O banco do brasil tirou o Hélio...poxa sofri. Ele conhecia a minha voz...e sempre resolvíamos as coisas bem rápidas pelo telefone mesmo. Agora é uma mulher, só fui ao banco uma vez. Com fé em Deus nada de problema pq eu não gostei da pobre, não!! Achei ela tão séria, Nem sorriu pra mim....tb tô com fome. Mulher, tu acredita que comprei uma blusinha linda...agora está faltando a sandália. Tu viu que a TIM está proíbida de entrar numas cidades. Só de tanto serviço ruim?
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Pat
Eu vi sim... O miga, acabei de mandar um e-mail lindo pra vc. É a sua cara a msg. Lembrei de vc!!! Olha lá na cx de entrada. Vou te mandar outro...
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Lela
Ok....pois espera aí um pouco. Liga pra mim pra ver se dá!!!
Minutos depois....
Lela
Ow amiga, que e-mail lindo. Mas preciso ler outra vez!!Achei otimista demais. Não sei lidar com o passar do tempo tão bem assim, não. Acho que daqui a quinze anos pode ser que eu venha a pensar como a msg. Não vejo a perda de desejos, prazeres...os arroubos da juventude diminuirem e isso ser bom, não! Diz lá que na juventude tem competição, inveja, corre-corre....mas tem sexo e eu amo!!! Adoro!! Preciso ler outra vez!! O que vejo, sinceramente, são as pessoas que conheci jovens, agora reclamando de dores e perdas...sem motivação...caminhando devagar pra não cair....e a beleza foi embora. Quem diz que não se incomoda de ter sido bonito e isso perdeu, está mentindo. Não acredito nesse lance de envelhecer bem, não!!!
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Pat
Por isso que lembrei de vc!! Nada a ver com o que vc pensa. Distante da realidade. Realmente muito otimista! Tb não sei lidar com isso, não. Vejo a mamãe era tão dinâmica, rápida e hj está tão quietinha e pequena....Olha, não dá pra te ligar. Continua sem dar. Estava com vontade de ir era pra praia ficar lá de boa como diz seu amigo...oh....uma cervejinha gelada!!! Rumbora??? MANDEI OUTRO E-MAIL ESSE É SHOW, COMO TU DIZ!!!
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Lela
Pois é agora fiquei refletindo...mudanças já existem. Depois de um certo tempo os olhares já são pra filhas, sobrinhas, noras....sei não...nem quero pensar nisso agora, não!!! Se vc quiser ir, vamos.Acho melhor dia de semana do que fim de semana, mas vc é que manda.
Clica em enviar....
Pat
Vc tem razão. O que seria de nossas gargalhadas se vc com sua louca juventude não tivesse contratado um show sem um puto no bolso. E de um cantor da voz triste triste???? kkkkkkkkkkkkkkk
Só vc mesmo, amiga!!!!! Por falar nisso vamos pra lá hj? Laura está de férias...vamos??? Beber umas caipirinhas e sorrir de nossas loucuras do passado. Engraçado que ainda encontramos coisas que esquecemos...kkkkkkkk adoro!!!





sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Questão de Ser

Um dia desses, almoçando com duas amigas, não sei porque começamos a falar sobre religião. Coisa muito raro para mim. Gosto mais de conversas tipo nossas relações com nossos homens ( mulher fala até se na cama estão rolando legal as coisas...pasme: com detalhes), compras, comentários por alto da vida dos outros, mas como não sou curiosa quase sempre nada sei, mas fico por dentro dos acontecimentos provincianos de nossa terrinha quente, sobre política, vendas, imóveis, mas sobre religião não! Seria certo falarmos sobre futebol? Só falamos sobre a beleza ou feiura dos jogadores. Graças ao meu bom Deus, as minhas amigas são assim, feito eu: nada de times, nada de compeonatos. Torcemos para o que nossos pais eram ou são, então pra que levantar bandeiras?
Estávamos num lugar super legal. Embaixo das mangueiras tomando cerveja esperando o almoço vir. Algumas pessoas também ali estavam, mas creio que já entrando no ar de final de semana, pois já eram dezesseis horas de uma sexta-feira. Somos assim, sem aquela coisa de que tudo tem que ser numa hora certa todos os dias da semana. Essas regras para que a rotina nos deixe de bem com nossas obrigações e deveres. Um dia sem essas tais nos libertam por algumas horas de nossos tão importantes papeis domésticos. Mesmo exercendo cada uma de nós, nossas tão diferentes profissões.
De repente depois de reclamar sobre esses encontros e desencontros dos quais se fazem misteriosos na vida, concluí: " acho que em outras encarnações deixei algumas coisas mal resolvidas e que estão me incomodando agora". Pronto, uma concordou em partes e a outra sorriu ironicamente afirmando que se fiz más escolhas que não justificasse com algo tão louco de se pensar. "Aqui nascemos, aqui vivemos e aqui morremos. Depois disso tudo, so mesmo o fim. E um dia lá pelas sei lá geração, não existiremos mais para ninguém. A não ser que você seja uma escritora reconhecida e nos coloque em suas histórias/estórias", disse-nos a minha querida amiga.
Não creio que essa vida aqui seja só isso. Seria muito de mal gosto uma coisa dessas. Acho tão sem sentido a gente passar a fase adulta toda se matando de trabalhar ( pobres e ricos ) e depois surgirem os limites e as doenças. Fora as pessoas que gostamos de cara e as que abominamos só de ouvir falar delas. Tem sentido essa empatia ou antipatia por pessoas que nunca nem tivemos maiores intimidades do que nos esbarrarmos por aí vez por outra?
E o fato de encontrarmos pessoas pelo caminho e delas nunca esquecermos? E a criação dos filhos? Eu pelo menos tenho três e foram criados do mesmo jeito e no entanto cada um é de um jeito. Gostos e personalidades diferentes.
Há lugares onde a gente consegue se encaixar e outros, não. Há sonhos com pessoas que nunca vimos e lugares totalmente estranhos. Sonhos com pessoas que já morreram e com sentido total na vida aqui desse lado. Mas aí há inúmeras pessoas que irão falar em subconsciente. Mas não justifica para mim.
Não consigo realmente ver uma coisa concreta na vida, nem razão, nem lógica. Só consigo ver uma continuidade. Algo nos criou seja por qualquer que seja a base de explicação: religiosa ou científica. Fomos gerados por alguma fonte de energia e criamos nossos laços por meio do livre arbítrio. Este que nem sempre condiz com o que é aceitável, mas aos nossos olhos é isso mesmo que se quer ser. Nada a ver com ter. Porque ter, é também algo estranho. Uns querem muito mais, se acham merecedores de tudo, outros aceitam a sua porção pouca de ter e se acomodam, outros se revoltam com todos que  têm e vivem de conspirações, outros têm com uma facilidade impressionante ( será sorte?), outros chegam lá e têm, mas não relaxam, não curtem a vida....e assim cada um com sua abstrata vida.
Creio que somos todos vivos e que, o que chamamos de morte, PARA MIM é apenas a volta para sei lá onde. Isso até me assusta. Sou tão apegada a minha vida com os meus, que pensar em voltar, já me faz sofrer. Não quero aqui expor explicação já que não as tenho. Apenas cheguei a essa visão dos fatos por coisas que acontecem no meu dia a dia. Observações sem fanatismo de crença. Sem achar que o que o homem escreveu em papiro, pedra ou papel  me traga a explicação. Nem quero aqui ser uma polêmica-chata, pois nada quero dizer, além do que EU acredito e sinceramente ninguém tem nada a ver com isso. Tenho o direito, assim como os demais, de pensar o que eu quiser. Uma das coisas que nos é permitido e que eu admiro é que nós temos o direito em crer no que quisermos. Sem claro, nos agredirmos. Sempre respeitei a opinião dos outros, embora discorde de muitas. Para mim o livre árbitrio e o não ser possível ler o pensamento uns dos outros, são juntos o melhor que há na vida. Quantas paixões e ódios ocultos!E já vi que são estes sentimentos que nos regem. São nossos pensamentos, eles geram o escolher. E as consequências dessas escolhas nos fazem ser quem somos: alegres ou tristes, realizados ou frustrados, amáveis ou odiáveis.
Creio que se a vida fosse essa coisa absoluta, de nascer, fazer continuidade da família e depois morrer, não teríamos as contradições que vão aparecendo. Amores nascendo outros morrendo. Hoje em dia está bem aos nossos olhos (antes existia, mas debaixo de sete capas) o amor de algumas pessoas pelo mesmo sexo. É feio? Pensamos no ato desse amor, nas posições, mas nunca no sentimento que o gera. Amar uma pessoa do mesmo sexo é quase que doença para uns. E isso me faz pensar: de onde vem esse amor? Como procriaríamos e levaríamos a raça humana a seguir?
Por essas e outras é que eu creio que tudo aqui na Terra venha de outra vida. E se você tem respostas melhores, nada de querer me indroduzir nelas, pois verei isso como fanatismo. Cada um com sua razão de ver o que não tem como explicar. Sentimentos e emoções, para mim, vêm de um lugar onde ficamos antes de  nascer e depois de nossa morte. Já bastam os mitos e lendas que foram criados para nos explicar o que em vida na Terra jamais entenderíamos.
É de lá de onde eu vim que eu trouxe quem eu sou. É para lá de onde eu vim que levarei quem eu sou.


Valéria Hidd


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Olhos



Quem terá percebido isso? E nessa era digital, como podemos enxergar a alma das pessoas das quais mantemos contato? Na convivência virtual diária. Quem é polêmico, mostra-se assim. Quem é difícil de conviver, mostra-se assim. Quem é sofrido, mostra-se assim. Que é amável, mostra-se assim. E assim por diante. Mesmo sem estarmos frente a frente aos olhos uns dos outros, dá sim pra perceber como somos.
Demorei a entrar nessa coisa que é a rede social. Via meus filhos se comunicando com os amigos e achava meio besta aquilo. Comecei a receber em meu e-mail convites para entrar na teia de onde nunca mais se consegue sair.
Reencontrei pessoas, conheci outras e mantenho contato com quem faz parte da minha vida aqui do lado de fora.
Há grupos onde me inseriram que também me trouxeram amizades valiosas. Há paixões, encontros, desencontros, brigas, intrigas, falsidades, alegrias, verdades, mentiras e exclusões. É uma verdadeira novela. Dá pra conviver com as fases do que essas amizades virtuais trazem, embora às vezes de difícil entendimento. Já fui excluída sabendo o porquê, mas também sem saber.E claro, já excluí quem me incomodou. Um vai e vem de incômodos. Uma questão de opinião ou de simpatia ou mesmo ciúmes das amizades em comum.A única coisa que mantenho por fora mesmo são minhas preferências políticas. Não me envolvo mais com ninguém contrário do que penso ser o correto. Se não me importo com o que os outros pensam sobre minha posição, então que não venham ao meu perfil ditando ordens ou cuspindo em mnha tela. No resto, é só brincadeira e algumas postagens pessoais sobre o que escrevo. E acreditem, já vi em murais coisas minhas sem meu lindo nome. Tipo um roubo sem punição. Aí fico pensando em postar aquela música que diz " cada um no seu quadrado". Nas redes sociais os quadrados são invadidos e quem não se adapta a isso que se mude de esfera, porque o bonito passa a ser de todos. E isso inclui as pessoas também. Casados, noivos, amantes, amigos em relacionamento sério ou enrolados ou em amizade colorida, se beleza tiverem, são figuras de desejos públicos ao ar livre do que pode se dizer, do que você nunca viu, mas que dia após dia está ali dando atenção, sendo amável, inspirador e à disposição, pertencendo dessa forma a cada um que se acha dono de algo mais especial dentro do além de sei lá o que.
O que mais me assusta é que tentamos preencher algo sem nem saber com quem ao certo. Uma coisa do corre-corre dos sentimentos aqui fora. Estamos tão preocupados em nos dar bem financeiramente que nem estamos nos atentando que o tempo disponível aos nossos aqui do lado de fora, está sendo usado para sairmos do ar. Embora estejamos pensando que estamos entrando neste. É justamente o contrário. 
Não quero aqui ser radical, até porque sou uma viciada em redes sociais. Até os seus joguinhos eu aprendi a gostar. Em especial os das bolinhas e dos doces. Mas cheguei a conclusão de que o tempo gasto aqui com minha vida, estava sendo ocupada por músicas e leituras de postagens, conversas e discussões, adicionamento e negação.
Não quero de forma alguma me afastar dos tantos amigos que fiz e que mantenho contato. Até por celular. Afinal de conta foi essa rede de amigos que me fez escrever. Foram eles que me tiraram o medo de ser lida e julgada de forma negativa. Devo isso a vários amigos que se dizem meus fãs e que  amo demais.
Estarei , com prazer, sempre de frente a essas pessoas, mesmo não vendo seus olhos. Apenas dosando mais o que tenho que viver olhando nos olhos de quem necessita de minha mais atenta atenção. Tudo controlado, fazendo sentido aos sentimentos aqui do lado de fora!!!

Valéria Hidd



2013

Só quero que 2013 venha com calma. Nada de vir com tudo, como ouvi de uma amiga. Quero tempo para buscar qualidade e não quantidade nas minhas relações comigo mesma. Diminuir meus dilemas e focar em escolhas que gerem boas consequências. Tudo na boa e sem pressa. Ater-me em minhas realizações pessoais e deixar seguir a natureza.
Houveram algumas mudanças com meu jeito de agir (algumas um dia desses). Pessoas foram, outras vieram. O espaço e o tempo entraram em compasso e estou adorando essa nova fase. Quero continuar desse início. Intensificar essa coisa que o passar dos dias acabou, a pauladas, trazendo-me. Calma!
Então, não quero que 2013 venha com tudo.
Ando notando que preciso mais do que nunca de aproveitar os momentos sozinha comigo mesma, porque eu não tento me dar conselhos, apenas vou comparando o estilo de vida que quero levar. Olho para mim e mesmo que naquele momento eu não me enxergue, mesmo assim, estou lá comigo. Mesmo que eu não saiba o que me dizer, lá está a presença melhor para manter minha atenção no que realmente será de bom proveito.
Então, não quero que 2013 venha com tudo.
Não será preciso mais de vinte e quatro horas para mim. Sei que devo me organizar no tempo que me é peculiar. Respeitando assim, o tempo que devo dispensar as minhas obrigações com todas as Valérias que sou. E não apenas a mãe!
Fazer do meu dia algo que ao entardecer me dê vontade de celebrar, aceitar e agradecer pelo que findou e não volta mais. Ao invés de ter a chata impressão de que não foi um dia produtivo.
Então, não quero que 2013 venha com tudo.
Quando possível, sair da rotina com amigas. Conversar besteiras, dramas, desilusões, amores, começos, meios e bater boca sobre o fim que nem sabemos qual será, mas mesmo assim ficamos discutimos enquanto bebemos em algum bar com música ao vivo.
Ter mais cautela ao responder a um filho sobre meu paradeiro. Entender que isso não é controle. É preocupação. Afinal de contas esse é o destino de todos os pais. Os papeis se invertem. Do cuidar ao ser cuidado. No final vamos sendo pais e filhos e filhos e pais uns dos outros.
Então, não quero que 2013 venha com tudo.
Quero amar o que se deixa amar. Não quero o difícil e sem atitude. Quero uma relação normal. Se é que posso ter uma coisa normal. Dar uma segunda, terceira, quarta....chance ao meu par. Entender que sentimos a mesma coisa um pelo outro. O que difere nosso singelo sentimento em comum é que sou intensa e ele brando. Sou Lua e ele Sol. Sou emoção e ele razão. Sou das letras e ele dos números. Sou fogo e ele areia. E essas diferenças se olhar bem de perto, nada mais é do que o equilíbrio de nossa relação. Coisa que pude enxergar a pouco tempo. Basta algumas tréguas vez por outras.
Então, não quero que 2013 venha com tudo.
Minha amiga ao me dizer que 2013 vinha com tudo quis me dar uma injeção de ânimo. Mas na verdade olhei-me no retrovisor do carro e disse em voz alta, ao desligar o celular: " Como assim? Eu quero um 2013 calmo!"
Não tenho planos mirabolantes e nada que saia de minha rotina. Apanas quero que 2013 aceite o meu louco querer de nada transformar, nada mudar, nada perder e tudo ganhar, sabendo que minha rotina não será quebrada pela chegada de mais ninguém. Quero viver com os meus. Viver meus momentos. Dançar, correr, brincar, beber, falar, cantar, escrever e ser livre. Livre para amar cada dia mais a minha rotina. E se nela estiver anexada a uma viagem, vivaaaa!! Mas sem a minha rotina não quero viver. Desejo que todos que fazem parte de minha rotina estejam sempre bem e sabendo lidar com suas rotinas, porque eu descobri que sem ela a gente perde o foco e desaprende a viver.
Então, não quero que 2013 venha com tudo!!

Valéria Hidd






segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Amor Fraternal

Tenho uma coisa do ser livre dentro de mim. Isso me atrapalha a viver, porque me causa ansiedade e angústia. Fico inquieta com horários marcados, muitas ligações atrás de mim e visitas a fazer, solicitações de filhos (que são três ) ao mesmo tempo, a combrança de minha mãe que - coitada sozinha e mãe de filha única - necessita de minha presença diária. Fora obrigações e deveres demais. Chantagem de amigas: você só liga pra fulana, você nunca mais apareceu, nem me ligou no meu niver, poxa, você voltou e nada de me avisar, fulano morreu e você nem deu as caras ( claro que eu não soube), Passa de carro aqui na  porta e nem para um instante ( tem dia que eu queria ter 28hras). Acho viver muito difícil. Às vezes acho que nasci sem algumas ferramentas para aguentar essa pressão toda e por dia, se pudesse, nem da cama sairia.
Eu jamais faço uma pergunta indiscreta a alguém e sei que se eu não consigo tempo e espaço para agradar a todos que moram em meu coração, é claro, as pessoas também têm essas coisas mal resolvidas, ou será/ seria uma questão de prioridades? Não sei responder a essa pergunta, mas há pessoas mais fáceis de lidar e isso é uma questão importante a observar.
Hoje estou triste. Lógico que estou escrevendo esse texto com essa coisa melancólica que dezembro me dá. Escutando  nothing else matter, a escolhida de hoje, porque eu só consigo escutar uma única música até dar fim nas palavras que encontro para finalizar meu raciocínio.
Se houvesse um médico que me explicasse esse vazio que há dentro de mim, pagaria o que fosse para sanar essa coisa ruim. Venderia o meu carro que considero o maior amigo, pois quando estou nele sozinha, sinto-me a pessoa mais livre do mundo guiando o meu caminho, retardando parar algumas vezes, pois a canção que amo ainda não acabou. Juro que ficaria sem meu amigão se caso em troca isso sumisse.
Sou muito bem resolvida e me dou bem com as consequências de minhas escolhas. Não falta nada. Claro que sou como a maioria das pessoas, busco sempre ter para viver, mas isso não me tira  o sono e nem a paz. Está dando para viver. Talvez não seja uma coisa, talvez seja alguém. Mas isso também é meio improvável. Eu vivo entre tantos alguéns que amo e que sabem o que eu sinto, pois sou de demonstrar: beijo, abraço, brigo, xingo...essas coisas que o amor nos faz ser como somos.
Hoje tive um sonho muito ruim. Acordei quando estava amanhecendo. Nem tenho coragem de contar diretamente para ninguém aqui de casa. Acho que isso contribuiu para que eu esteja com a alma doída e cansada, por agora. Nessa coisa de momento que é a minha vida. Sou intensa. Alegrias e tristezas são vividas de forma igual. Ambas podem me fazer chorar e num passe de mágica sumirem e darem lugar a outras emoções. Assim sou, instável, como diz morcego!
Enfim, sonhei com minha tia Nadja dizendo para mim que meu ex-marido havia morrido. Como a pessoa sonha com duas pessoas sem que antes de dormir nem sequer lembrou delas?
Olha, vou dizer, lidar com perdas é terrível. A gente cresce ouvindo fulano morreu, beltrano sofreu um acidente...mas que coisa ruim traz a morte. Penso: um dia será eu. E quando e de quê? Aí saio logo desse pensamento, fujo...melhor pensar em contas à pagar do que na caveira andante, o puro osso, a coisa que carrega uma foice, o cara que guia o barco....na morte!
O sonho é um assunto que me impressiona. A gente dorme e assiste a filmes com pessoas que conhecemos e também com quem a gente nunca viu. Os lugares, os diálogos são tão reais! 
E voltando ao meu sonho, estou há uns dezoito anos que não troco uma palavra com ele. Mas temos filhos em comum. Dois rapazes com feições misturadas de nós dois. Uma mistura que ficou bonita. Você pode dizer que estou sendo mãe nessa hora, mas são, sim, lindos. Filhos de pais bonitos. Não seja por isso o motivo deles serem lindos, porque já vi filhos de casais bonitos, embora isso, serem feios. Acredite, caso eu  continue a colocar esses adjetivos, a mãezona aparecerá! É fato, como dizem os que não sabem comentar, no facebook!
Está vendo como falar do sonho ruim é difícil. Meto outras coisas pelo meio. O texto acaba saindo daquela ordem que nos ensinam nas aulas de redação: começo, meio e fim. É tão simples? É não! Justifiquei um dia para professora Sandra: "não é simples, coisa nenhuma, vá me desculpar. A redação é feita de caneta e lá no meio dela eu lembro de algo que é importante, mas que tinha que ser dito antes...e aí?? Eu vou criar a minha própria regra de escrever quando eu puder ser livre de colégio". A professora Sandra era linda e tinha um namorado fortão que ia buscá-la de moto e tinha tatuagem. Pense numa coisa que eu achava massa. Mal sabia eu que meu medo daquela coisa em que ficamos altamente expostos, traria um trauma para mim ao pegar carona com Júnior. Ele corria tanto e eu gritava tanto para que ele parasse que ali foi a primeira vez e a última que andei de moto. Gosto de me sentir mandando em mim e não impotente.
Conheci Ricardo, meu primeiro marido aos onze anos. Ele tinha quinze. Era meu vizinho. Muro em comum. Aos meus doze nos demos o nosso primeiro beijo. Namorávamos e terminávamos. Tivemos outras pessoas nos intervalos. O mais longo intervalo que tivemos nesses anos de namoro, foi de três meses, tempo esse que namorei com um primo dele. Mas chegou o dia em que começamos a namorar sério. Já estávamos mais maduros. Eu como sempre, precoce. E era louca, alucinada por ele. Tempo bom aquele. Ele inteligente e estudioso. Super responsável. Eu , nem tanto. Achava que minha inteligência já seria o bastante. Ele bonito e beijava bem. Éramos um grude. Quando fizemos um ano de namoro transamos. Eu com quinze e ele com dezenove anos. E não foi bom, como acredito que quase toda primeira vez. Estava sem jeito, nervosa. Ia perder algo meu...Depois a gente aprende a se soltar e é só alegria. Virou rotina. Sem camisinha, sem anticoncepcional. E como são somos estéres, fomos pais bem cedo. Aos dezesseis anos eu me tornei mãe. E tivemos nossos momentos. Foi bom. Nos divertimos muito. Mas somos diferentes e essas coisas, vão atrapalhando. Ele gosta de sítios e eu da cidade. Por aí vai....Hoje ele tem a sua família e eu a minha e temos nossos dois filhos em comum. Os pais dele, durante o tempo em que fomos casados foram meus pais também. Principalmente a mãe dele. A quem jamais perdi o contato.
Não irei contar o meu sonho/pesadelo. Do meu jeito e por termos nossos filhos eu o amo. Amor fraternal, embora ache que não seja recíproco. Mas amor é assim mesmo: a gente emana sem esperar nada em troca.

Valéria Hidd









sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Conversas de mulher

 Lela
Oi amiga, bom dia!
Vc está por um acaso por aí?? Como te achar se um dos seus celulares está desligado e outro diz que vc não existe? Está última informção me deixou um prego na cabeça. Quem é então a minha amiga que briga no trânsito e que  me faz dizer: Patrícia, o povo hj mata por qualquer coisa!
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Pat
Oi miga!!
Eu existo viu (não sei como coloca o ponto de interrogação nessa coisa aqui). O seu Vivo está dando desligado, miguinha. E o seu Tim não completa a ligação. Saudade de vc!! Vc sabe né que o Bruno engravidou uma modelo? Mermã, nos dias de hj esse povo ainda cai nessas coisas!!!
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Lela
Oh mermãzinha de Deus, como tu sabe disso e eu não sei?? (O CORAÇÃO ACELEROU)
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Pat
Ai tu não viu? Acabou o casamento dele!!!
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Lela
Louca de quem vc está falando? Tá lembrada que tenho um filho chamado Bruno? Pqp tô tentando te ligar e ainda não está dando. Quero te contar um babado...
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Pat
Do Bruno gagliasso. kkkkkkkkkkkk Eu vi isso que uma modelo engradidou dele. Oh fiquei com pena da Giovanna sei lá o que....formavam um casal tão bonitim...eita e que babado é. Diz por aqui mesmo. Vc tem mania de dizer que seu celular é grampeado, então diz por aqui!!!
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Lela
Mulher, diz uma coisa; tu é íntima do Bruno Gagliasso pra chamar ele só pelo primeiro nome/ Achei que era o Bruno daqui de casa. Nossa passou uma coisa na minha cabeça. Achei que ele tinha engravidado uma puta de Bethe Cuscuz ( puteiro famosos de The). Imaginei que a bicha se dizia modelo!!! Tu é doida. Não mermã, por aqui não. Só tem graça ao vivo mesmo. Né nada de mais, não...Poxa que celular escroto..
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Pat
Odeio gerente de banco mulher. Droga, quando é homem num instante se resolve a coisa. Mulher é lenta pra essas coisas. Tu não acha, não?? Não adianta essas operadoras estão uma droga. Nossa que fome....
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Lela
Se acho???Eu detesto. O banco do brasil tirou o Hélio...poxa sofri. Ele conhecia a minha voz...e sempre resolvíamos as coisas bem rápidas pelo telefone mesmo. Agora é uma mulher, só fui ao banco uma vez. Com fé em Deus nada de problema pq eu não gostei da pobre, não!! Achei ela tão séria, Nem sorriu pra mim....tb tô com fome. Mulher, tu acredita que comprei uma blusinha linda...agora está faltando a sandália. Tu viu que a TIM está proíbida de entrar numas cidades. Só de tanto serviço ruim?
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Pat
Eu vi sim... O miga, acabei de mandar um e-mail lindo pra vc. É a sua cara a msg. Lembrei de vc!!! Olha lá na cx de entrada. Vou te mandar outro...
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Lela
Ok....pois espera aí um pouco. Liga pra mim pra ver se dá!!!
Minutos depois....

Lela
Ow amiga, que e-mail lindo. Mas preciso ler outra vez!!Achei otimista demais. Não sei lidar com o passar do tempo tão bem assim, não. Acho que daqui a quinze anos pode ser que eu venha a pensar como a msg. Não vejo a perda de desejos, prazeres...os arroubos da juventude diminuirem e isso ser bom, não! Diz lá que na juventude tem competição, inveja, corre-corre....mas tem sexo e eu amo!!! Adoro!! Preciso ler outra vez!! O que vejo, sinceramente, são as pessoas que conheci jovens, agora reclamando de dores e perdas...sem motivação...caminhando devagar pra não cair....e a beleza foi embora. Quem diz que não se incomoda de ter sido bonito e isso perdeu, está mentindo. Não acredito nesse lance de envelhecer bem, não!!!
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Pat
Por isso que lembrei de vc!! Nada a ver com o que vc pensa. Distante da realidade. Realmente muito otimista! Tb não sei lidar com isso, não. Vejo a mamãe era tão dinâmica, rápida e hj está tão quietinha e pequena....Olha, não dá pra te ligar. Continua sem dar. Estava com vontade de ir era pra praia ficar lá de boa como diz seu amigo...oh....uma cervejinha gelada!!! Rumbora??? MANDEI OUTRO E-MAIL ESSE É SHOW, COMO TU DIZ!!!
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Lela
Pois é agora fiquei refletindo...mudanças já existem. Depois de um certo tempo os olhares já são pra filhas, sobrinhas, noras....sei não...nem quero pensar nisso agora, não!!! Se vc quiser ir, vamos.Acho melhor dia de semana do que fim de semana, mas vc é que manda.
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Pat
Vc tem razão. O que seria de nossas gargalhadas se vc com sua louca juventude não tivesse contratado um show sem um puto no bolso. E de um cantor da voz triste triste???? kkkkkkkkkkkkkkk
Só vc mesmo, amiga!!!!! Por falar nisso vamos pra lá hj? Laura está de férias...vamos??? Beber umas caipirinhas e sorrir de nossas loucuras do passado. Engraçado que ainda encontramos coisas que esquecemos...kkkkkkkk adoro!!!

Um Marlei lá em casa

Meu filho ganhou um cachorro. Coisa mais linda. Um coker spaniel marron. Só que desde sua chegada nossa vida mudou totalmente. Ele parece ser hiperativo. E nem dá pra ficar com raiva dele, porque sua cara é de coitadinho. Aquele carinha que dá vontade de colocar nos braços e chalerar. Ele é chorão. Tudo o que quer e não deixamos ele fica gemendo, grunindo...ah coisinha chata.
Acho interessante o fato dele parar em frente a mim e ficar me assistindo. Olha-me como se estivesse entendendo os meus pensamentos. Vira a cabeça de um lado para o outro, como quem diz: "queria te entender".
Já tínhamos um schnauzer cinza. Lindo também. Mas Bolt, como é chamado, era bem tranquilo e jamais late. Tranquilo ele não é mais. Está terrível. Eles correm pela casa e nos seguem. Um vai e vem que quando não existe, sinto falta. Chamou-os pelo nome. Boolttt.....Freddoooooo.....Ah só que Freddo, é pequeno ainda e não se aquieta. Comecei a chamá-lo de Pitoco. E pronto!! Já sabe como é apelido. Vai ser o nome dito e conhecido. Meu filho, dono dele, pai de Freddo, não gosta do nome. No entando, já o ouvi gritando " porra de pitoco escroto, comeu o segundo carregador do meu celular" Aí a gente chega érto e diz: " poxa, mais um??"
Tem sido uma loucura. Meu filho caçula, que é mais novo dezoito anos do pai de Freddo, vive correndo, gritando e quando se impaciente, taca a mãe no diabo do Pitoco. São mordidas nos calcanhares finas e assustadoras. Vem de repente. Dá até vontade de rir. Outro dia este, o caçula, estava caminhando arrastando Pitoco que mordia sua calça de pijama. Ele ria e o cão atentado grunia bem seguro na barra da calça. Fiquei meio preocupada. Será que Pitoco vai crescer com raiva dele?? Mas logo em seguida eles estavam se rolando em cima da cama. Pra meu desespero. Gritei: Sai de cima da cama bando de cão!!!
Uma casa feito a minha com um constante entra e sai, por sermos uma família grande, venhamos e convenhamos, não é pra sermos considerados bons do juízo não. Dois cachorros perambulando o dia e a noite....só nós!!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O Mundo dos Poetas


Olho e olho para essa tela branca esperando um texto e nada sai da cabeça. Penso em diversas coisas ao mesmo tempo que não se encaixam para formar as frases e assim promover algo para se ler.
Talvez se hoje eu estivesse mal, melancólica, pra baixo e angústiada, uma bela escrita sairia. Fiquei até feliz em saber que isso acontece com gigantes da literatura.
Alma de poeta é sofrida, disse-me uma amiga. Penso em uma certa conexão com um mundo paralelo. Um espaço onde só transita quem tem o dom da escrita. Lá é terra do estado de espírito inquieto, sem sombras e com começo e meio. O fim só do lado de cá. São contínuos, os fatos que ocorrem nesse mundo. Há espaços preenchidos por encantos, paixões platônicas, amor sem ser correspondido, amor proibido, amor dividido, amor sem sentido, amor de um, de dois de três......
Depois que se chega nesse local, nada de saída encontramos. Só dá pra ir adiante. Lá sentimos mais do que falamos e isso dá sentido a vida. Tudo ocorre paulatinamente sempre com amor de mais, mas nunca de menos. A coisa é durável. Pensamento torto de amansar fera. Lá só calmaria e grito mudo.
Não há planos, os fatos vão se encaixando e a vida vai fluindo. Não é igual a música. Só tem indo, porque o olhar para trás requer muito esforço e ninguém quer perder energia de forma desnecessária.
O que faz esse lugar ser adaptável a qualquer um que pode lá chegar, é que indecisão e razão não existem. 
As metades são muitas e fazem um todo. A cor que lá existe é a crua, a bege. Ninguém pinta o sete. Este já está com sua coloração firme e forte. Apenas o sete vai nos conduzindo a ouvir aquela música que somente os anjos podem decifrar. E cada um escuta a sua melodia. Isso não se mistura. Os gostos são peculiares, a vida é doce e o mundo inexiste!

Valéria Hidd

domingo, 9 de dezembro de 2012

O Resto

Gosto daquilo que Cazuza dizia sobre o resto: Existe o certo, o errado e o resto!
Quando me deparei com essa frase estranha fiquei me perguntando o que isso queria dizer. O que seria esse tal resto? Já não sabia a diferença entre o certo e o errado. Sempre tive a consciência de que o que parece ser errado para um, para o outro parece ser certo e vice versa. De ler o que eu pude sobre aquele cara bonito, inteligente, de letras polêmicas e vida intensa, deu para entender direitinho a mensagem.
Todos nós temos os nossos restos. Não tem nada a ver com dividendo, divisor, resto ou quociente. Resto é tudo aquilo que fazemos e que os outros não precisam saber. É a banda não podre da vida.É onde está a satisfação e o nosso verdadeiro eu. É onde se localiza o nosso certo. Aquilo que é para ser chamado de meu. Um mundo penatrável à apenas por quem recebe a senha de acesso. É lá naquele lugar onde o clímax é total e se instala. É de momento, feito a felicidade. E por esse motivo, ambas andam de mãos dadas.
No resto não há a preocupação com o sentido ou a Razão. E quem chega a essa conclusão entende a magia que é o viver. A arte de seguir fica mais leve.
Contudo, não se pode estar a todo momento inserido no resto, porque ele só sobrevive à situação em questão, mas não fora dela.
O resto é feito o Segredo de Frejat, parceiro de composições de Cazuza. Aquela coisa que pode assustar, mas que vista de perto não choca tanto quando se tem algo mais de sentimento. Quando se escolhe estar preparado para qualquer caminho, para qualquer mudança, embora as patadas do Mundo.
Resto não é um fato supérfluor, inútil ou fútil. É  última fase de um experimento. É o provar que tudo de certa forma ( até o incompreendido ) vale à pena.
É dar, esperando receber. É não ter opções diversas, mas somente aquilo que o momento faz.

Valéria Hidd

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O Que Carrego na Alma

Mais um ano acabando. Ao entrar em dezembro começo a ficar mais e mais sensível e pensativa. E como de costume meio calada. Um mês que celebra a vida, o nascimento. Só que eu só consigo sentir saudade e melancolia. Aquela tristeza da qual a perda e a falta, causam. Foram embora tantos. E muitos, tão precocemente. Tenho uma tendência a sentir-me assim como estou hoje. Vazia. Um vazio que chega a doer no peito. Deixando aquela coisa apertada entre os meus seios. É tão profundo que acho que é na alma e não no coração. Fica tão visível que meus olhos me delatam. Parece aquele sentimento de que nos abraça quando estamos em velório de alguém que gostamos, admiramos.
Escrever fica numa distância impressionante, pois eu não coordeno as ideias. Observo p ter inspiração, mas assim nada vejo e portando não enxergo nada além da eufória das pessoas em comprar presentes. Coisa que não ligo muito. Certa vez, ganhei de meu filho uma pedrinha. Uma pedra branca, tipo seixo. Fui buscá-lo no aeroporto e ele ansioso por me abraçar, pois ficou um mês viajando c minha mãe para Belo Horizonte, correu e engateaou por baixo da corda de proteção e veio até a mim. Coisa mais gostosa da vida aquele abraço. Eu o enchi de beijos e o coloquei no colo (hj ele tem 1,81m). De repente ele coloca a mão no bolso e me entrega a pedra.Seus olhos brilhavam porque aquilo foi um achado. Uma coisa tão linda e especial que ele guardou c tanto esmero quase o mês todo até o dia em que pode me presentear. Este foi um dos presentes mais lindos que ganhei na vida. Até hj fica junto a caixinha de jóias e de vez enquando eu dou um beijo nela.
Assim, começaram a ter esses presentes. Achados e escolhidos com atenção, carinho e amor. Já ganhei cinco petecas/bolas de gude, guardanapos com eu te amo, véa linda...uma séria de coisas que somente crianças reconhecem o valor. Aqueles bilhetinhos escritos errados, esquecendo o acento de meu nome....ahhh que lindo era ganhar essas coisas.
Mas os filhos crescem e passam a ser adultos e se inserem nessa coisa que é o Natal. Uma coisa comercial. Onde tudo fica pela hora da morte. Ganhei ano passado um notebook, pq viajo muito e o PC não pode ir comigo. Enfim, veio sem cartinha, veio sem cartão...o que pra mim, seria o mais valiozo. Confesso que me deu uma certa frustração, mas entendo. Sei que foi de coração. Apenas não queria que eles perdessem aquela coisa do especial, do que faz a alma vibrar, do simples mesmo!!!
Parei de dar presentes para os meus filhos mais velhos. Eles preferem o dinheiro. Também já não sei escolher roupas, acessórios....essas coisas só mesmo as namoradas é que sabem. Mas meu abraço e beijos e lágrimas os enchem de certeza de enquanto vida eu tiver, serei deles para todos os momentos. Sabem eles, que mesmo quando eles estão errados. Com brigas com alegrias até que a vida permita a nossa convivência.
Tenho um amor pela vida tão grande e pelas pessoas queridas que estão em meu coração que nada me impressiona mais do que termos saúde e vida de viver. Cada um na sua luta do dia a dia, em suas batalhas. Uns dias com ganhos outros com perdas. Assim, mesmo, como a vida vai se appresentando para todos nós. Então, essa coisa de dezembro, esse ar de preocupação em presentear, em se endividar, não me dá tesão em nenhum aspecto.
Há o pai de uma amiga/prima/irmã que está internado com câncer. Descobriu um dia desses. Um cara sensacional. Minha infância foi maravilhosa e ele tem uma grande parcela nisso. Um paizão, como ele mesmo se sente em relação a mim. Isso me dói tanto e eu não consigo ir ao hospital, mas ligo todos os dias pra saber como estão as coisas, resultados dos exames, alimentação...essas coisas. Fiquei feliz qd eu soube que estavam conversando sobre meu jeito de ser, meus micos e loucuras que cometo por ser meio dramática. Disseram-me que ele riu muito. Achei o máximo!!
Só queria por este Natal que ele, Zé Afrânio, tivesse sua saúde de volta, porque a gente ama sentar e conversar, passar o dia lembrando de coisas legais, sabendo de novidades, viajar para Salvador e fazer nossos churrascos na casa da minha amiga, filha dele, Vanessa. Crescemos e hoje temos nossos núcleos, mas continuamos aquelas meninas que riem com facilidade e trocam confidências e que temos muito carinho e amor, pois somos uma família só. Juntamos os nossos núcleos num laço eterno de amor, trocas e consideração.
Dezembro me dá essa coisa, mas sei que a cada ano, mais e mais as pessoas vão ficando mais importantes pra mim. É isso que carrego na alma.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Só Hoje

Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito
Nem que seja só pra te levar pra casa
Depois de um dia normal...
Olhar teus olhos de promessas fáceis
E te beijar a boca de um jeito que te faça rir
(que te faça rir)
Hoje eu preciso te abraçar...
Sentir teu cheiro de roupa limpa...
Pra esquecer os meus anseios e dormir em paz!
Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua!
Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria...
Em estar vivo.
Hoje eu preciso tomar um café, ouvindo você suspirar...
Me dizendo que eu sou o causador da tua insônia...
Que eu faço tudo errado sempre, sempre.
Hoje preciso de você
Com qualquer humor, com qualquer sorriso
Hoje só tua presença
Vai me deixar feliz
Só hoje

Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua!
Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria...
Em estar vivo.
Hoje eu preciso tomar um café, ouvindo você suspirar...
Me dizendo que eu sou o causador da tua insônia...
Que eu faço tudo errado sempre, sempre.
Hoje preciso de você...
Com qualquer humor, com qualquer sorriso!
Hoje só tua presença...
Vai me deixar feliz.
Só hoje 

Na hora de escrever

http://www.youtube.com/watch?v=dTOpQS982aM

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Ela por Ela

E naquele dia chuvoso com ar melancólico, ela sentou-se a beira do banco de madeira e ficou observando o tempo ao seu redor. A natureza parecia gritar de felicidade diante de tão sonhada terra molhada.
Resolveu mudar os planos de ir resolver umas coisas e ficou ali por mais de uma hora com uma caneca de chá que parecia nunca acabar.
Mais um ano à beira do fim. Aquela angústia que a aproximidade com o Natal traz a alma dela. E veio a sua mente uma constatação que já vinha querendo pular de seu subconsciente há tempos, mas que ela sabiamente fazia de conta que não percebia.
Para ela essa coisas de a pessoa ser fruto do meio tinha lá sua razão de ser. Mas após deixar-se entender o por que de suas desavensas com sua mãe, notou que tem enraizado em sua personalidade mais do que supunha desta e daquele, que mesmo não mantendo por ele, lá esses sentimentos, era o seu pai.
Ser fruto de um amor sem final feliz. Onde nada se sabe do começo e meio, fez com que ela, já adulta, percebesse que durante toda a sua caminhada até aquele dia nublado e chuvoso, eles sempre estiveram presentes em cada escolha que fizera. Aquela vida mal resolvida dos dois, dos seus genitores, era fator da impulsividade. Do agir sem pensar. Do medo de perder sem ter. E de ser aquela imagem eterna do que não deu certo. Do que mal começou. Do que fez uma simples frase, reger a vida de todos de forma inesperada e de certa forma, injusta.
Pequenos fatos, a determinaram. A condicionaram e trouxeram a sua mais ameaçadora e de difícil entendimento aos que se relacionam com ela, a liberdade que nela reside, com asas brancas e invisíveis. Não é aquela liberdade a que todos entendem como se denegrisse a pessoa. Mas aquela que deveria ser respeitada por querer dizer que há pessoas que enxergam a vida de forma mais simples, sem tanta pressão e satisfação. Mas sempre com respeito e consideração ao que se entende que merece tê-los.
No final da vida de todos, segundo ela, é sempre certo. É sempre o que deveria ser. Pra ela, as pessoas não deveriam se arrepender por algum passo que deram pra traz. Recuar é sempre sábio. Ou que avançou. Isso quem determina é o momento. A vida é o próprio momento. Dia após dia num eterno acordar e dormir, até que um dia se morre. Assim é com todo mundo. Ninguém há de fugir. Então pra que ter expectativa com coisas que nem se sabe se vêm mesmo!! Assim, ela vai levando seus dias. Quem se preocupa demais com resultados, ao invés de ir nadando conforme as ondas, acaba por viver com culpa e medo.
Ela sabe que o Tempo aquieta tudo. Isso não quer dizer que mata o que não quer morrer, mas que abranda, isso é certo e justo! Veio a sua mente um pequeno texto e como de costume sai correndo atrás de caneta e papel.
Escreveu:
 " Vago de vez enquando com aquela presença escassa que ausência dele causa. E será isso quase sempre?
Então os sentimentos deixam de se entender e sopram ao coração que se fecha enquanto não a entendimento. Enquanto a razão saiu pra sonhar longe. Lá perto do mar. Mesmo assim, nada vazio. Um estopim, sem o calor que transpira o urgente, porque ela tem certeza de que ele sente tal coisa também."
Ela olha e olha aquelas palavras escritas e pensa: será que o escritor tem alguma conexão com outro mundo? Por que aparecem de repente esses textos e se na mesma hora não for colocado no papel, aquilo foge? Sabe lá o que é ter esses espasmos!!
Talvez haja ações que só os sentimentos, ou o próprio amor, para justificar! Ela leu isso num livro que falava sobre Deus.
A chuva finda, o chá fica frio, a vida permanece ao canto alegre dos passarinhos.
Ela dá um sorriso, inspira e expira aquele cheirinho de terra molhada e sai confiante de que naquele momento tudo conspirava para mais um belo dia de vida!


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A Tão Querida

Pode é quem quiser correr atrás da felicidade, mas não me peça pra seguir isso, não. Primeiro porque não acredito que se chegue a ela. Já me satisfaz ter espasmos desta. Caso ela existisse não teríamos, mau humor, depressão, dor, perdas,  raivas, lembranças ruins e nem precisaríamos correr tanto no dia a dia. Faríamos as coisas de forma mais lenta com a confiança de que tudo termina bem, que tudo se perdoa, que não há mágoas nem desejo de vingança. Esta última muitos escondem querê-la. Eu como não sou perfeita, desejo-a. Caso pudesse me vingaria, sim, de alguns monstros que passaram pelo meu caminho. Mas, calma, não vivo em função desse tão selvagem humano desejo.
Queria ser uma mulher mais romântica e mais sonhadora. Ver passarinhos e parar para observá-los. Eu observo mais as pessoas ao meu redor. As histórias que chegam até a mim. Isso foi me dando um certo ar fatalista. Tipo: é assim porque tem que ser. Sem essa de certo ou errado.
Vi que a maioria de nós age não pelo dia de hoje, mas pela construção de um dia após o outro. Somos frutos do que finda. E sempre estamos nos recomeçamos. Mudando de opinião em relação ao que achávamos correto. Isso se dá pra quem fica na mesmice também. Escolhe-se permanecer e ser quem era há anos, por perceber que a vida é fatal. E a busca pela felicidade rege tanto os corajosos com sucesso, como os sem atitude. E cada um vai se sentindo bem, como verdadeiramente é. Mesmo que se engane. Se assim escolheu ser, quem haverá de questionar?
Há uma estória de amor que quantas vezes passe, caso eu possa assistir, assisto. A lenda de rei Arthur, Guinevere e Lancerlot. Os três amam-se. E nem por isso conseguem ser felizes, pois a escolha de um traz a infelicidade do outro. E a descoberta da traíção faz a ruína dos cavalheiros e do próprio reino. Logo, para que um de nós encontre a felicidade, há de todos os outros ao redor contribuir para tal.
E como uma coisa puxa outra, o fio da vida é um só, não vejo as perdas como falta de sorte, não. Enxergo nelas algo que teve a necessidade de dar o ar da graça. Os resultados não são satisfatórios a todos os seres, então porque haveríamos de ter só ganhos? Entendeu a lógica? Há pessoas que merecem os nossos ganhos, como também há os que merecem o que perdemos. Isso não é uma regra. Mas que tem sentido, ah isso tem.
Gosto muito de escrever sobre a morte. Embora tenha pavor de me deparar com ela. Pra que coisa na vida que mais nos afasta da felicidade? E quem já não viu uma pessoa amada ser enterrada? Esquece? Jamais!!!! Já vi mães, esposas, filhos, vizinhos,amigos e conhecidos, no mais desesperador dos dias, que é o que a morte causa. E sempre que passo pelo local eu me lembro e me dá, nem que seja por um instante de momento: tristeza!
Viver é bom do jeito que é. Sem essa de exageros e nem querer mostrar para os outros que a vida está a mil maravilhas. Que a felicidade está sorrindo e pulando de alegria. Que perda de tempo é acreditar que os outros são eternas platéias. Há quem nem perceba o enganar do que se faz feliz de morrer!!!
E é por essas e outras que me espelho em quem vive de forma transparente. Que mesmo reinando, tem a humildade de mostrar seu pranto, sua dor, sua verdade, sua fraqueza,sua imperfeição, seu pouco amor ou muito e mesmo assim, permanece na vida acordado. E sempre está ciente de que lá na tal felicidade que fica lá no tal futuro, chegar até lá, nesse mundo em que vivemos, onde todos nós estamos ligados uns aos outros, é no mínimo loucura!

Valéria Hidd



domingo, 28 de outubro de 2012

Mário Quintana

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mario Quintana

As Ordens



Ordeno-te, vento.
Não leve, traga de volta.
Não esfrie, deixe-o quente.
Não trague certeza, deixe a dúvida.
Não espante a ilusão, a coragem e a ousadia.
Faça a tal curva que te faz uivar feito lobo.
Entre sem bater a porta para que saias quando quiseres,
Pois aqui só é permitido o livre que vive dentro da confiança
Da justa distância.
 

Valéria Hidd.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A Realidade é de Cada Um


 A pior das mentiras é aquela em que a própria consciência habita. Aquela que de tanto a pessoa difundir, acaba sendo a sua realidade vivida de corpo e alma.

São Muitas as RAZÕES

Não se pode fazer uso da própria razão, como sendo solução para a questão alheia. Ter posse da verdade e se recusar ao diálogo, deixá-me profundamente distante de quem age dessa forma. Sendo portanto, impossível o convívio amigável. Tenho vontade de mandar os dogmáticos lá lá lá lá......

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Se aquele afeto que antes se achava escondido em alguma mágoa, vive e traz consigo um desejo ardente de se ter por perto, é certo que há o que aproveitar na relação.

Caminhos

Caminhos curtos
Íngremes
Entrada, várias
Saída, apenas uma
Ir, fácil
Voltar, sem vontade
Ele, longe
Lá no distante
Ela, perto
Mas perto de quê?
Valéria Hidd.

Mais que Perfeito


E foi-se sem mais nem menos
Calou-se no irreal
Perambulou pelos muros
Gateou entre as belas paisagens de curvas
E lá ficou achando-se mais que perfeito
Andou e correu
Mas quando nadou,
morreu na praia!
Valéria Hidd
.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Relâmpago

O silêncio ainda hoje cala o grito
Que tentei soltar.
Indeterminadas horas de espanto
Angústia do medo da morte.
E você lá, calado.
Ora balbuciando meu nome
Ora gemendo aflito sem pestanejar.
Um movimento rápido ao chão,
que só fazia lembrar areia movediça.
A cavalaria parecia dar galopes perdidos.

Ninguém nada sabia.
O som tinha ruído feito alto mar.
Tenebroso como o Atlântico da colonização.
Na mente seu rosto desmanchava sem
Que eu pudesse lembrar de suas expressões.
De repente, de um relâmpago,
Vem o vento abraçado a esperança
Avisaram que a vida poderia seguir.

Valéria Hidd.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Apenas Uma Visão

Creio que o melhor mesmo da vida é não se importar mesmo com as coisas. Deixar rolar, como dizem! Queremos mesmo, sempre além do que está ao nosso alcance, então é fazer de conta que a todos os lugares chegaremos. E a cada chegada, uma vitória ímpar. Se não sabemos pra onde ir, aí paciência. Fiquemos à deriva. Quem sabe uma embarcação nos salve.
A complexidade da vida é culpa do que sentimos. Aquele ponto de vista que é peculiar a cada um de nós. Cada ângulo um grau diferente, tipo na matemática. Visão boa pra uns e nem tão boa pra outros.
Caso entendamos essa maneira particular que a vida nos impõe, ficaria bem mais fácil entender porque somos tão diferentes uns dos outros.
Gosto de pensar assim pra entender as pessoas difíceis que estão próximas a mim. Nossa...que coisa!!! Aguentar gente complicada, frustrada, complexada e sei mais o que é terrível. É de lascar o juízo de um!!!
Na verdade acho é tudo complicado. Tem coisa mais complicada do que o amor?? Descomplicado é a paixão. Ela sim. Destemida e rápida para agir. Amor tudo compreende, engole sapo demais. Vive de esperas e se doa muito. Paixão é aqui e agora. Ou dá ou desce!!!
Sou mais a paixão desenfreada do que o amor comportado e que se contenta com pouco. O amor é tratado como que um casamento longo. A paixão como um novo amante! Quem recebe mais atenção? O inserido no casamento ou no amante? Que fique claro que este último nada tem a ver com algo de inapropriado. Amante é igual a ser que ama. Casamento ao ser que casa com a casa. Desse jeitinho aí. Bem complicado mesmo, de se entender!
Agora se o amor está com a paixão e a paixão com o amor, aí sim, dá uma mistura boa. Rola um sexo bem gostoso e menos complicação no dia a dia. 
Os fatos vão se espalhando de forma homogênea. Um dentro do outro. Isso está contido naquilo. E o caminhar fica mais leve, porque as pedras são de isopor e as montanhas saem do lugar quando nos aproximamos.
É apenas a minha visão.






Os dois

Ela e ele
Os dois
Ambos
No mesmo rumo
Se perdem
Se acham
E buscam um ao outro
Lá na estrada de chão
Na casinha de sapê
No Sandero de cor viva
Na prata da lua
No domingo da saudade
No rolar das lágrimas
E lá vão os dois
No vão do caminhar
O que querem?
Apenas um ao outro.....

Valéria Hidd

Afinidade - Arthur da Távola


AFINIDADE
A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
O mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida.

É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo sobre o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro.

Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois
que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples
e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos
fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavra.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com.
Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.

Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar.
Ou quando é falar, jamais explicar, apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.

Só entra em relação rica e saudável com o outro,
quem aceita para poder questionar.
Não sei se sou claro: quem aceita para poder questionar,
não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é.
E, aceitando-o, aí sim, pode questionar, até duramente, se for o caso.
Isso é afinidade.
Mas o habitual é vermos alguém questionar porque não aceita
o outro como ele é. Por isso, aliás, questiona.
Questionamento de afins, eis a (in)fluência.
Questionamento de não afins, eis a guerra.

A afinidade não precisa do amor. Pode existir com ou sem ele.
Independente dele. A quilômetros de distância.
Na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar.
Há afinidade por pessoas a quem apenas vemos passar,
por vizinhos com quem nunca falamos e de quem nada sabemos.
Há afinidade com pessoas de outros continentes a quem nunca vemos,
veremos ou falaremos.

Quem pode afirmar que, durante o sono, fluidos nossos não saem
para buscar sintomas com pessoas distantes,
com amigos a quem não vemos, com amores latentes,
com irmãos do não vivido?

A afinidade é singular, discreta e independente,
porque não precisa do tempo para existir.
Vinte anos sem ver aquela pessoa com quem se estabeleceu
o vínculo da afinidade!
No dia em que a vir de novo, você vai prosseguir a relação
exatamente do ponto em que parou.
Afinidade é a adivinhação de essências não conhecidas
nem pelas pessoas que as tem.

Por prescindir do tempo e ser a ele superior,
a afinidade vence a morte, porque cada um de nós traz afinidades
ancestrais com a experiência da espécie no inconsciente.
Ela se prolonga nas células dos que nascem de nós,
para encontrar sintonias futuras nas quais estaremos presentes.
Sensível é a afinidade.
É exigente, apenas de que as pessoas evoluam parecido.
Que a erosão, amadurecimento ou aperfeiçoamento sejam do mesmo grau,
porque o que define a afinidade é a sua existência também depois.

Aquele ou aquela de quem você foi tão amigo ou amado, e anos depois
encontra com saudade ou alegria, mas percebe que não vai conseguir
restituir o clima afetivo de antes,
é alguém com quem a afinidade foi temporária.
E afinidade real não é temporária. É supratemporal.
Nada mais doloroso que contemplar afinidade morta,
ou a ilusão de que as vivências daquela época eram afinidade.
A pessoa mudou, transformou-se por outros meios.
A vida passou por ela e fez tempestades, chuvas,
plantios de resultado diverso.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças,
é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas,
quantos das impossibilidades vividas.

Afinidade é retomar a relação do ponto em que parou,
sem lamentar o tempo da separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas a oportunidade dada (tirada) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais,
a expressão do outro sob a forma ampliada e
refletida do eu individual aprimorado.
Arthur da Távola

terça-feira, 11 de setembro de 2012


Alarico

Meu avó era um cara bacana. Era austero e brigava por tudo, mas no fundo a gente sabendo levá-lo, conseguíamos o que queríamos. Ele era parecido com o Mário Lago. Ele era o único homem da casa. Lembro-me quando eu corria no corredor de calcinha e sutiã, atrás de minhas roupas que estavam sei lá onde - nos baldes de roupas limpas ou sujas - ele gritava: sem vergonha, vai se vestir!!!! E eu corria morrendo de rir. Nem ligava. Minha avó ria. Ah tempo bom!!!
A casa dele, onde cresci, é enorme. Aquelas casas que têm corredores compridos e ir na cozinha a noite era testar o medo de alma. Tinha umas cinquenta gaiolas de passarinhos e uns cinco viveiros, dois papagaios, uma grauna, dois pastor alemães e uns ratos (praga que só aparecia a noite). Uma zuada que começava as cinco da manhã. Graças a idade que eu tinha, meu sono nesse tempo era pesado.
Eu tinha medo dele. Mas fui descobrindo que ele mais fazia zuada  do que agia. Nem quando ele me colocava de castigo eu ficava. Ia ao banheiro e me perdia na volta para o quarto. Eu ia era pra rua. Descalça, descabelada....era bom!!!
Eu mexia em seu escritório. Brincava lá. E depois que cresci era lá onde eu ia ligar para amigas e paqueras. O telefone era de discar e ele trancava com cadeado. Um dia prestei atenção ao cara da Telepisa (na época, era esse o nome). Ele discava batendo nas teclas. Pedi para que me ensinasse. E foi a glória. Eu aprendiiiiiii!!!! O telefone ficava em cima da mesa dele. Que era enorme e cheia de preocessos e coisas...muitos papeis, O espaço que tinha embaixo era legal. Eu o puxava  para baixo e ficava ali por horas. A conta vinha alta. Mas eu jamais fui culpada. Mesmo assim ele ficava besta, pois só ele tinha a chave do pequeno cadeado. Um dia, quando ele estava doente e bem velhinho eu lhe contei. E ele riu..Tão lindo aquele sorriso. Ele não tinha mais tanto fôlego. Vivia com falta de ar. Com aquela máscara no rosto. Sofreu. E foi um cara tão bom. Advogava de graça pra quem não podia pagar. Era maçon. Era espírita. Era gente boa!
Quando eu engravidei aos quinze anos, a única pessoa que eu fiquei triste por entristecer, foi ele. Nossa...aquela sensação de erro e de pecado me atormentou por quatro eternos meses. Tempo em que minha barriga não aparecia, portanto eu não encontrava coragem pra contar. Mas o resto eu ia vivendo.
Ele foi de uma delicadeza espantosa quando me chamou no quarto e disse: Tão inteligente e viva, como foi cair nessa? Fiquei sem saber "se nessa" era ter transado ou engravidaddo!! Ou os dois!!!
Eu não tinha coragem de olhá-lo. Fiquei vários meses meio distante. Mas só me sentia bem lá na casa dele. Casa que ainda hoje me refiro  LÁ EM CASA!
Sei que o magoei, mas a mãe que sou de onde ele estiver, sabe que tudo é como tem que ser. Não sei se ele estava certo em dizer que desperdicei o privilégio de ser inteligente. A verdade é que eu até hoje não sei pra que é que serve é ser inteligente. Não consigo me deixar ser avaliada, porque todo mundo pesca. Todo mundo usa a esperteza para melhor se dá. Então, na verdade, não perdi muita coisa , não. Se fosse isso importante, cientista era rico!
Ele era um cara honesto e justo. Justo assim, às vezes dava razão ao que estava errado. Eu pelo menos não mexia com ninguém, mas quando mexiam comigo eu tacava logo a mão. Era assim...
Meu avô me ensinou a ser assim: ter as minhas coisas e pessoas e viver com elas e pra elas. Nada além.




segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Eu, Valéria

Engraçado achar que o que é mais fácil de resistir está fora de nós mesmos. Sempre tive consciência de que eu mesma, sou a razão de minhas angústias. Principalmente quando sei que não devo fazer algo e assim mesmo eu faço. É um prélio constante esse!!!
Ir de contra ao que acreditamos é em parte teimosia, mas pode ser medo. Como posso saber se aquilo não é pra ser feito? Mas há uma coisa em que posso me basear: conveniência do ato a praticar. Isso!!!! É isso que me faz saber que estou indo contra ao que a minha mente diz ser o certo. Levando em consideração de que são vários os certos e assim são várias, as verdades, eis que o dilema me afronta. Faz, Valéria! Recua, Valéria.
Pessoas como eu, que não pensam muito quando estão em situação extremas acertam mais do que erram. Mas tem gente que pensa o contrário, e passa anos pensando se podem ou devem...e assim lá se foi.
Sei que tudo o que fiz, aos poucos foi me transformando na pessoa que sou. Não sou mais ingênua, mas ainda caiu em situações ingênuas. Isso por querer que a tal coisa seja verdade. Talvez atraindo a mentira sincera. Coisas dessa natureza. Acho que sem ilusão não se vive. Elas são o motor da vida. Só sabemos que tivemos uma, quando a recebemos de braços abertos. Assim, sou eu. Recebo e deixo entrar. Seguindo sempre. Parando quando necessário. E também recuando uns passos, nada contra um olhar pra trás vez por outra. Isso é ser sábio. Li isso em algum lugar.O fato é que nem sei- sempre-o que fazer. E isso me dá um belo texto. Então até nas minhas fraquezas têm algo a acrescentar as minhas questões.
Não sou complicada. Pelo contrário. A maturidade trouxe-me um pouco de prudência, mesmo sendo impulsiva. Tenho que achar artifícios para viver nessa vida maluca, porque não ter medos causa-me desconforto. Devo ter medo de não ter medo, porque o medo freia e alerta. É o sinal laranja do semáforo.
Tenho o que minha mãe não teve. Parece ser um jeito de não parecer com ela. Ja que fisicamente somos bem parecidas. Dizem os mais velhos: ela sendo mais bonita. Belezas à parte, não quero mesmo ter medo de viver os meus desafios como ela teve. Digo ela teve, não por ela estar morta. Só morreu mesmo para os desafios.
Então que eu saiba continuar a me vencer a cada dia. Que eu saiba enganar-me. Que eu saiba erguer-me. Que eu saiba amparar-me. Ninguém é tão forte e importante pra mim, do que eu mesma. Só permaneço em pé se eu mesma fizer por onde. Então, sou a parte nesse Universo mais importante pra mim mesma.



Presto atenção ao cair do Sol
Nada enxergo além de sua luz ora vermelha, ora laranja
Bem-vinda, noite
Transforma o dia não tão bom, em escura clara esperança!!
Valéria Hidd.



 http://www.youtube.com/watch?v=YuJbij0Vx20&feature=share
http://www.confrariadeautores.com/parceria/
Ela estava tão radiante e presa mais uma vez naquela parte da vida que estava adormecida. Um encanto debaixo de cada pedacinho daquela noite. O vai e vem das ondas, o vento soprando em sua janela e o perfume inspirador e excitante a deixavam louca pela chegada dele.
A viagem inesperada foi a chave para terminar de abrir o que o passado havia deixado fechado a uma volta. Apenas uma. Naqueles dias, ela jurara que faria cada momento valer a pena. Nada de pensar no que virá e nas escolhas que aquele reencontro ia lhe obrigar a fazer. Ali estavam ela e ele. Apenas uma coisa em comum: o passado mal resolvido dos dois. O adeus que nunca deram, agora estava explicado. Nada havia acabado. Ali tinha fogo, paixão e algo mais. Tinha a vontade de se dar. O cheiro do velho novo. A hora de viverem o que não foi permitido por não saberem lidar com a pouca idade que tinham.
Após receber a ligação dele ela saiu ao seu encontro no bar do hotel. Lá o encontrou. E que homem lindo. Um sorriso de fazer qualquer coração pulsar descompassado. Tomaram uma dose de wisk e saíram de mãos dadas. Resolveram caminhar pela orla. Entre carinhos e beijos iam seguindo conversando e sorrindo. Estavam felizes. Aquele momento único, pensava ela. Mas por não saber que viveriam sim, vários deles. Pois cada dia daquele feriado ela amou mais que o outro.
E se não fosse a sua coragem de deixar pra trás o que nada dizia há tempos, desligando-se do resto do mundo, ela jamais saberia que ali estava aquele homem que sempre esteve por perto, mas que o medo a cegava.
Pararam num barzinho com música ao vivo, sentaram-se numa mesa com meia luz e deram-se um beijo longo e apaixonado. As mãos dele tocaram levemente o seio direito dela. E aquilo fez com que ela retirasse a mão atrevida. Mas riu da situação.
Como haviam combinado que naquela viagem não falariam do passado, conversaram de coisas corriqueiras do presente. Uma noite iluminada pela energia da esperança. Os dois sempre se amaram. Veio desencontros. Falta de comunicação. Essas coisas que a vida vai trazendo durante o tempo em que estamos seguindo.
Eles tinham um ao outro dentro de si. Nada foi capaz de apagar. Era como tatuagem, ou como escrever numa rocha. Foram passando os anos e lá estavam.
Um casal lindo, na idade madura que juntos carregavam a criança dos tempos que eram vizinhos. E quantas lembranças tinham daquele primeiro beijo, primeiras carícias....até que transaram no sofá da casa dele.
Estavam num reencontro permitido e guiado pela vida. Tudo conspirava a favor dos dois.
Aquela noite fora tão mágica, dormiram abraçados. Estarem juntos já era de um prazer enorme. Afinal aquela era a primeira noite de um final de semana prolongado...


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Provisório....

Nem sempre quando se quer agradar, agrada-se. Ela acordou toda bem intensionada. Depois na noite de amor, de novas juras, de novas promessas, de um reencontro as escondidas e não às escuras, ela quis surpreendê-lo. Levantou e foi até a cozinha arrumar um belo café da manhã. Queimaduras a parte e chaleira esquecida no fogão com chamas acesas, levou em uma cesta que existia na casa há tempos (mas esse detalhe nem tem tanta importância. Quando a poeira se foi, tudo ficou encerado).
Com um selinho na testa, porque beijo na boca pela manhã está fora de cogitação, ela o despertou. Ainda nu, olhou-a admirado. Boca entreaberta, cagueijou:
- Nononossa...obrigado. Vem cá!!!
Tomaram café juntos e foram para o banho. Claro, que fizeram o que vocês estão pensando. Uma bela rapidinha. Ainda não era feriado e ambos teriam que ir as suas obrigações e deveres da velha luta do dia a dia. Apenas um detalhe: Estavam refeitos e leves. A noite fora regada de muito amor num mundo só deles. Aqueles anos de ausência e olhares distantes, haviam desaparecido e o vazio fora preenchido com a certeza de que ali estavam duas pessoas livres para amar, mas isso pensara ele. Não seria tão fácil assim pra ela. E isso nem a própria sabia.
Após se despedirem e cada um tomar o seu rumo, ela foi até o porta-luva de seu carro e pegou o celular. Não. Ele não foi esquecido lá. Foi guardado. É o tipo de coisa que se tem/deve  fazer quando não se quer magoar o outro. Longe de ser safadeza. Apenas prudência. Afinal ela não tinha a quem dar satisfações.
E ele? Será que estava mesmo disposto a enfrentar as feras e se divorciar? Nem sempre só de amor uma relação necessita. Há atitudes, escolhas a fazer e dentro desse circulo, estão pessoas queridas. Na verdade de for prestar mesmo atenção, numa separação, só mesmo a parte que quer se livrar é que está bem. Um bem entre aspas, eu sei!
No caminho para o trabalho ela recebe uma ligação. Do outro lado uma voz que ela escuta há três anos.
- Estou morrendo de saudade. Chego, as vinte horas e estou sedento por você. Jantamos juntos hoje?
- Hoje?
- Sim, o que foi? Estou com saudades. Você não me atendeu ontem a noite. Onde estavas?
Era o início de um emaranhado de mentiras. Por mais que ela se considerasse livre. Sem compromissos determindo e assumido com os três "amigos", cada um dele se sentia seu dono. Relacinamentos como quaisquer um. A danada da posse dando uma gota de pressão.
- Claro, estou louca pra te ver!
O suor escorria por seu rosto, mesmo estanado com o ar do carro ligado. Não que estivesse com remorso, mas estava entrando num terreno bem perigoso. Estava de volta ao único homem que realmente amou. Mas e como entender o falta de coragem para se livrar dos três? A resposta nem mesmo ela sabe si dar!!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A difícil escolha (provisório)

Ela acreditava que as escolhas seriam fáceis. Que infantil. Levando em consideração que os três eram homens maravilhosos e cada um tinha o que ela queria em um só. Afinal de contas o certo seria isso. Mas ela optou por enganá-los e escolheu viver sem mexer na obrigação da escolha. Seria mais prático já que ela jamais pensara em futuro, senão o bem próximo. Um dia após o outro.
Apenas um sabia da origem dos outros dois. Mas por acreditar que por ela nada mais sentiria do que um tesão louco, foi se deixando entrar no emaranhado que foi gerando pelo aparecimento do tão inesperado amor.
E ela continuava sua vida, com seus momentos com os homens de sua vida. Havia um deles, o mais velho de todos, que era o seu preferido. Era o que mais a compreendia. O que lhe acalmava. Gostava de dizer as amigas que se um dia o desejo de ser mãe aflorace, ele seria o pai. Era o de gênio melhor, dizia!
E tudo corria bem, quando ela acordou de sobressalto com o celular tocando. Do outro lado uma voz amiga lhe dizia que um um velho vizinho já velho, pai de um amigo de infância havia morrido. Atordoada com a notícia foi ao banheiro e ficou se olhando no espelho como se ali passassem cenas da época em que os idosos da rua, onde crescera, eram jovens e faziam as festas e soltavam foguetes e brigavam com as crianças zuadentas na hora do jonal televisivo.
Embaixo do chuveiro chorou muito. Deixou sua angústia sair junto as lágrimas. Aquela perda a puxara pra um lugar esquecido no vão do tempo. Havia algo guardado e ela havia de decidir se iria ou não ao velório.
Em questões de minutos ela já havia chegado a casa de sua mãe. Sua mãe estava abatida, como todos da rua.
- Já tomou café? Que comer algo?
- Não, mãe. Vim saber se a senhora não quer ir comigo ao velório de seu Arthur.
- Não, querida! Não aguento mais essas perdas. Vou a missa.
- À missa ja não vou. Aquelas músicas me matam....
Ela fez algumas ligações, mas teria que ir ao local sozinha mesmo. Seus amigos já estavam lá. Era manhã de sábado. Todos estavam livres para prestar as últimas homenagens aquele senhor tão amável e educado.
Ao entrar se deparou com a viúva e lhe deu um forte abraço.
- Obrigada, querida, por vir. Eu sabia que você viria!
Sem dizer uma palavra, apenas consentiu com a cabeça, deu um leve piscar de olhos e foi pra um conto da capela, onde estavam amigos conversando.
Meio reservada passou mensagens para o celular dos seus três "amigos" contando o acontecido. Estaria ela ocupada o dia todo. E no dia seguinte estaria em casa. Queria estar só, foi o que disse, aos três.
Ela estava com aquele acocho no coração. Ele não estava lá. Onde estaria? Ela não tinha coragem de perguntar cpor ele a ninguém. Um assunto tão antigo e ela não conseguia perguntar nada.
- Vamos lá fora dar uma pitada?
- Vamos. Já não aguento estar aqui.
Então, aceitando o convite de um dos amigos foi para os fundos da capela, onde havia um local a céu aberto. Estavam fumando quando o silêncio fora quebrado pelo amigo.
- Olha quem vem entrando na pela porta lateral!!!
Ela puxou uma tragada maior que sua necessidade e se engasgou. O amigo riu da situação embaraçosa. E os dois sem saber conter o riso se separaram caminhando pra lados opostos. E quanto mais ela tentava achar um meio de se desviar, mas estava próxima a ele. Tão lindo, pensou ela ao vê-lo. Mesmo com suas mãos geladas e pernas por derrubá-las a qualquer instante, ela resolveu ir de uma vez, falar com o homem que jamais esquecera. O que fez toda diferença em sua vida. O seu primeiro amor. Não o via a vinte e três anos. E isso só os deuses gregos podiam explicar, levando em consideração o tamanho da cidade em que moravam.
- Sinto muito por seu pai, consegui dizer!
E ele como que de sobressalto abraça-lhe bem forte. Um abraço longo e desesperador pra ela. Ao redor, todos observam.
- Meu amor, sua mãe está aguardando a sua presença pra começarmos a celebração da missa.
O abraço ainda durou alguns segundo e aquela cena patética da mulher ciumenta gerou murmúrios. Alguns a favor do abraço. Era apenas uma declaração de carinho de dois amigos de infãncia. Mas as más línguas, acreditaram: aí ou tem ou vai ter coisa! Passado e Presente juntos ao amor de adolescência, coisa boa não dá!
Um abraço que não acabará ali naquele salão triste de despedidas. Aquilo foi um reencontro. Talvez ela nem saiba: UM RECOMEÇO!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Anormais

Mesmo com a mente turva
pensamento sem delírio
olhos sem brilho
corpo exausto e pele sem tato,
A consciência por alegrias
que  fizeram vibrar corpo e alma.
Vindo sempre mais do que menos.
Com  Lua mais do que Sol.
E Flores com pouco Espinhos.
Riso aberto com lágrimas.
Mais Aprovação do que Reprovação.
Portanto, mais Vida do que Lamúrias.
Sem hora certa para a valsa,
foi-se no caminho reto de curvas
que só se enxerga as incertezas dos imperfeitos.
Aqueles mesmos que vivem de tal forma
que são invejados pelo simples fato de serem FATO,
Porque parecem anormais.
Valéria Hidd

domingo, 19 de agosto de 2012

Resposta

- Ele?
Ele é relacionamento. É o cuidar, o desejo, o ciúme, o desequilibrio, a falta de Razão.
Ele é a vida em si, pra mim, por mim, por ele, por nós.
É o aparecimento da coragem, do orgasmo, do indo sem ir e sem vir.
É gota que não cai. Orvalho que não se sente, porque evapora.
É correr sem pressa, sem destino, sem fuga, e sem prêmio.
É o porraaaaaaaaaa, não aguento de saudade.
É o mistério de

não saber o que se sente e nem como se desgrudar.
É corpo, cheiro, sol e calor.
É vida imitando a arte de que tanto falam.
É a dor de Camões que desatina sem doer.
É fé, angústia e presença.
É temor, melancolia e ausência.
É o certo vestido de dúvidas.
É a existência do querer viver.
- Entende? É igual a um todo. Um tudo. Ar, Fogo, Terra e Água.
É o Universo dentro de um mundo de dois habitantes.
Valéria Hidd

sábado, 23 de junho de 2012

Floresta

Estar aqui é uma fuga.
Sem identidade. Só três além de mim.
Haveria de ter um acima de mim...acima do céu.
Ter alma de poeta. Sair do ar....
Ficar grande sem crescer. Estar aqui e lá. Nunca ali.
Ir e voltar. Chegar em todos os lugares possíveis.
Saber e não ter razão. Deixar passar e não aceitar aceitando.
Estar passando sem sentir a chama...a que queima.
E não a que chama.
Ser tempestade sem vento, Rio sem água e
mundo sem amor!!!
Valéria Hidd

terça-feira, 19 de junho de 2012

Carta à Consciência

Querida Consciência,
Hoje estou disposta a mudar o jeito de escrever, a cor do meus cabelos, a música que me inspira, o livro de cabeceira, a personalidade forte, a forma maternal de olhar a todos, a angústia que me acompanha, o desdém do olhar quando encaro quem não gosto, o morder o lábio inferior quando estou pensando e o orgulho que já me tirou da estrada. Enes defeitos, assim como enes qualidades, eu queria que voassem pra além do desconhecido. Lá longe. Onde não se enxerga e nem se vai. Sei que lá está o meu EU. Não me atrevo mais a mexer com ele. Bem que você, poderia me ajudar em relação a ser mais prudente e menos impulsiva.
Mais fácil do que conhecer-me seria embriagar-me com mentiras sinceras, feito dizia um de meus poetas preferidos. Aquele que de tanto viver intensamente abreviou seus dias aqui nessa Terra de gente complicada e instável que nem eu.
Quero defender-me do passado próximo. Deixar as músicas da velha lembrança esquecida em algum lugar. Viver como se fosse possível dar uma pausa, voltar e ao apertar o play, isso fizesse zerar a quilometragem de tanta palavra, tanta espera, tanto desejo, tanta necessidade que foram perdidos por não terem sido zelados. " AMOR DE UM SÓ, NÃO PREENCHE INTERESSE DE AMBOS"
Queria eu sentir-me filha de mim mesma. Proteger-me com a mesma coragem e determinação que ajo diante de um filho meu.
Hoje sou a dor. E se tem alívio, não sei. Só sei que boto fé na única obrigação que o senhor TEMPO tem: o de passar. Millôr dizia isso. "A única coisa que o TEMPO faz é passar". Ou seja, ele não remedia e nem muda ninguém. Isso fica com cada um de nós, mesmo. É cedo pra dizer o que o TEMPO levará, passando e o que deixará. Por enquanto nada dorme. Está tudo vagando em meio ao NADA que ficou. Ou mesmo ao TUDO que faz o nó invisível em meu coração.
Sabemos eu e você, de tantas contradições que estão sendo ditas através dessa carta, não é amiga? Sabemos que a minha memória é feito esses CDs REMEMBER LOVE SONGS LIVE, recheados de músicas que trazem luz mesmo estando noite no dia.
A gente deveria juntas dar uma gargalhada por termos ciência de que sou tão frágil que sei esconder a minha fragilidade. E que parecer tão forte sem o ser, gera inveja. Como é doida a vida com seus habitantes que nada sabem uns dos outros. Enxergam a capa de seus livros e nem se dão ao trabalho de folhear algumas páginas. E agora me deu vontade de ser como me vêem. Uma fortaleza, uma rocha, uma majestosa ilha impenetrável por emoções ou sentimentos, um desenho animado ( escolho aqui a Penélope Charmosa).
Se tenho um espírito de luz a me acompanhar fazendo cócegas em minha alma e assim conseguir seguir sorrindo, mesmo não estando bem é a prova de que ser anormal é a forma que deve ser escolhida pra se viver. Não preciso ficar me justificando. Ninguém se importa mesmo!
Tomei uma atitude agora a pouco. Vou me destravar. Não vou mais escrever ouvindo a mesma música. Como disse acima, mudarei a que me inspira. Serão, agora, várias. E ao som de OH, PRETTY WOMAN vou tecendo a roupa do dia. Assim, não fico exposta ao frio. Como que frio? O frio da espinha. O que corre em minhas costas. O que dá a impressão de que estou sendo observada. O que arrepia e nos faz pensar que tem alma atrás da gente.
Vou ficando cada dia  mais complexa e incompleta.Bem que você, Consciência, poderia me colocar em uma espécie de redoma, um relicário, sei lá. Algo onde eu pudesse ficar com a sensação de segurança.
E agora correm as horas mudando a cada alguns minutos a nova canção. A do momento? MAKING LOVE OUT OH NOTHINGS. E essa lembra de um ano sensacional. Aquele da reprovação. Ano em que de tudo aconteceu. As descobertas, o esporte, as aulas perdidas, o sucesso com os garotos, as paixões semanais, os conflitos diários com a mãe...um show de ano!!!
Tem uma coisa que eu queria te informar. Sabe aquela promessa de passar um ano sem beber? Eu vou quebrar. Cabe a você me deixar sem culpa. Leva, por favor, em consideração o fato de eu ser uma mulher regida pelo coração e que jamais fez mal a ninguém. Está se aproximando o dia cinco de julho. Dia em que nasci pra ser quem sou. Vou beber. Vou dançar. Vou extravasar e exagerar. Vou sair do ar. Vou...eu vou!!
Lembra daquelas músicas que eu gosto de dançar? I WILL SURVIVE, KUNG FU FIGHTING E IT´S RAYNING MAN....Na última festa que fui dancei que me acabei...sem álcool. Sei me divertir de qualquer jeito. Mas no meu dia: eu, Valéria, Sininho e Peter Pan, estaremos juntos. Dessa vez bebendo.
Vou seguir o conselho do meu tio querido Fernando Hidd. Irei reverter a promessa de não beber em cestas básicas e doar sem olhar a quem e sem ninguém saber. Faço o bem e deixo voltar um prazer momentâneo que a bebida traz e depois jurar de pé junto, quando vier a ressaca que jamais beberei de novo...e tudo voltará a ser como antes.
Por favor, Consciência, confio em você! Não vá me incomodar. De repente vi que o amanhã é incerto demais. Nem passagem comprada prova o destino das pessoas. Quero também ter o direito de escolher sair ou não do ar. Beber socialmente pra rir, conversar, ter o tempo passando e nada temer.
Tem amiga minha ansiosa pelo dia cinco de novembro como quem espera pela minha festa de quinze anos. Elas irão amar o meu retorno nas rodas de fofocas de nossas próprias vidas. Nossas histórias de luta e de amor. Tenho sido chata. Quem diabo aguenta papo de bêbado sem beber junto? Agora lembrar de nossas proezas será bem melhor. Repetir nem será abusado!!
Vamos lembrar do show do RPM como sempre. Lembrar que ganhei um beijo no canto da minha boca, do Paulo Ricardo. Claro que isso pra ele nem foi nada, mas pra mim foi. Minhas amigas pediram autógrafos que já nem existem mais e eu fui a única que o beijei. Pena que não tive a audácia de virar o rosto.
Enfim, querida Consciência, muito bom ter a oportunidade de escrever-lhe. Sinto-me até melhor. Queria te agradecer por ter me amparado no dia de ontem: dezoito de junho. Expectativas, juro-te, nunca mais. Vive comigo em paz que eu vivo com os outros em paz também. Uma troca legal, mesmo sendo eu, uma imperfeita mulher contraditória.




sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ela acordou naquela manhã com as batidas violentas das roupas na pedra da pia. Nunca entendera aquela atitude das lavadeiras. Seria uma pergunta infantil? Pensou. Deu um sorriso pra si mesma e continuou imóvel, calada e voando por entre suas obrigações e pensamentos de fuga. Que noite, ruim, aquela anterior! Todos os músculos gritavam a mesma coisa: Levante-se e reaja, o mundo não vai parar por conta de sua desilusão. Ou melhor, desilusões.
Ter consciência disso não era exatamente aceito por ela naquele acordar cedo do dia. Por que quem há fez sentir-se um caco de vidro no chão não estaria nem aí? Era tão fácil deletar da tela a coisa escrita errada. Qual o motivo da mente não obedecer a sua voltade de excluir o culpado da desordem cerebral no instante do abrir os olhos naquela nova manhã, naquele novo dia?
Sem dúvidas ela sabia que nem sempre o pensamento se alia a vontade do reagir. Era como se ela fossem duas mulheres se digladiando. Duas amigas: a razão e a emoção. Claro, sempre elas trazendo as contradições para a normalidade do dia a dia daquela mulher que de forte não tinha era nada. A visão de sua força, sabia ela, era uma espécie de membrana. Uma capa. Quem a olhava, enxergava aquela beleza sempre com as respostas na ponta da língua. E só ela entendia que as respostas mais rápidas, eram de fato, as mais fáceis de dar.
Em sua agenda íntima haviam dezenas de coisas por fazer. Estavam em linhas diferentes. Precisava ela rapidamente, parar de sentir pena de si mesma e ir organizando as suas tarefas. Muitas, obrigações. A maioria feitas a muito custo, mas sem aplauso nenhum. Sem reconhecimento. Sem vida. Apenas renúncias.Falta de ânimo na vida. Isso sim...
De repente toca o despertador. Era para ser o momento do acordar. Nem ela mesmo, sabe dizer o quanto tempo ja estava acordada. Não haviam mais pancadas na pia. O Astro Rei já estava a todo vapor fazendo evaporar as nuvens do caminhar daquelas roupas. Uma delas sabia por onde ela andara,com quem falara, o que dissera,o que deixara de dizer, o caminho que percorreu...mas opa!!!!! Que legal.... nem mesmo aquela roupa - tão linda blusa - sabe o que sentiu o seu coração pulsar de vários tons diferente aquele dia, nem mesmo ela, sabe o que ela pensara ou sentira.
Ela começou então a colocar em prática o que havia visto num desses livros de auto ajuda: " VOCÊ É AQUILO QUE PENSA".
Veio a sua mente aquele estado de espírito que está tão ao alcance dos olhos nas pequeninas entrelinhas do texto da vida. Da história de vida de cada um. E a mente dela é tão rápida e doida, que nesse extato momento lembrou do trecho da música...."felicidade é tudo o que se quer. A esse maldito...de repente a gente rarga a roupa numa febre muito louca....faz o corpo levitar...." O que tem uma coisa com outra ou o porquê dessa música ter vindo a mente dela naquele momento, só mesmo a mente pode explicar. Mas o espantoso de tudo é que aquela desilusão foi se perdendo diante do mais novo foco trazido pela mente. O corpo levitar. Nossa....nossa...que delícia!!Diz a outra música.
E achar que tudo isso são coisas desconectas é deixar esse texto de lado e ficar sem entender o que move mesmo o pensamento de uma mulher. Saber agradar a mulherada é muito fácil. Claro que ela leva em consideração que há de se ter um par. "Dois fãs, um par". Como Nando Reis nos faz entender o que os olhos são.
O mais interessante é que ao sair da cama e ir para o banho o impasse que a fez pensar e viajar por paisagens com suas folhas caindo perante a ventania do despertar, já havia dado lugar às folhas que estavam nascendo. A coisa perdeu a proporção doida e deu lugar ao continuar da jornada. Não estava mais pensando em deletar nada. Precisa ter na mente claramente aquela ponta de letras, silábas, palavras, frases, orações...para assim classificar o que servirá para completar as lacunas por onde estão mal entendidas, ainda, a passagem daquele outono que seria mais um a recordar.
Aquele velho gosto de café e cigarro na boca, ainda permanecerá em sua vida. E se a vida é assim tão contraditória - pensou ela por ser não fumante - o melhor a fazer é aceitar o não ser comum e nem normal. Jamais isso quer dizer: estar doente! Pelo contrário, doente é quem vive na mesmice dos eternos pensamentos imutáveis.
E ela já refeita pelo banho, olha-se nua ao espelho e se diz: Linda, hoje é o seu dia!!!