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terça-feira, 16 de abril de 2013

De Momento

Quando ti vi passar
Foi como quem vê um anoitecer de lua cheia
Com uma frisa deliciosa ondulando seus cabelos
Aquele teu olhar perdido em minha direção achando-me
Ganhando-me em todos os sentidos
Molhando corpo e alma
A Tua boca foneticamente como quem em câmara lenta
Diz: aproxima-te minha princesa!
A voz chega a mim pela aproximação do nosso andar
Perto, a chama invisível, queima nosso louco amor
Ardente e imortal.
Assim, fez-se o momento
E é nele que acredito!
Valéria Hidd

Vazio

aahhhhhhh coisa chata que reina em mim
lateja
fica
permanece
quer fazer parte de mim
sem que eu queira
empurro-a
e ele, cínico, volta
dia
noite
vai
e vem
que manifestação indesejada
querendo ser um dos sentidos
por força e ferro
ahhh alma que incomoda
a mim
a capa, luta
para não sentir a hospedeira
somos duas
eu e essa que já nem me lembro
ambas já não se encontram
estão de costas
num duelo
sem fim
dentro da bela vida
de todos nós

Valéria Hidd

sábado, 13 de abril de 2013

A IMPORTÂNCIA NOS DIAS DE HOJE DO TOMATE


Estava dando uma olhada nas postagens e notei o quanto se falou do preço dos tomates. Mas isso é uma coisa tão corriqueira!!! O preço dos produtos agrícolas dependem da época do ano em que estamos. E também se plantam muito o preço cai, do contrário, sobe. É tão simples: tá caro, não compra. O tomate não irá ficar pra sempre com esse preço. Acredito que por trás dessa manifestação exagerada exista os que querem desviar o que realmente deveria nos indignar. Uma pessoa começa e as repetições passam a ser como um padrão no facebook e em outras redes sociais. O que me revolta mesmo é um garoto chegar ao portão do prédio onde mora e vir um vagabundo safado e protegido por uma lei medíocre , e morrer. Ser abatido. Um tiro na cabeça é para não sobrar nem pensamento. É para aniquilar a família, os amigos, os parentes, os vizinhos , a mim. Alguém disse: são as drogas! Drogas??? Agora é tudo culpa das drogas? Há quem se drogue e faça mal somente a si mesmo. E Ser Ruim não existe?? A maldade não existe?? Estou revoltada com a morte desse garoto!!O que irá acontecer com o ordinário que ceifou a vida dele?? Podemos ficar sem tomates e sem um filho?? Estamos sujeitos a esse tipo de coisa também. E o que fazemos? NADA! Não cobramos uma lei que pare de proteger quem não presta. Quem detém o poder de criar Leis para que a gente se sinta menos inseguro, tem que começar a se mexer. Não ganha para isso?? Tem que ser punição eterna para quem mata dessa forma: por pura maldade!! Aquele bandido que matou aquela advogada, Mércia, é outro que me revolta. Aquele mentiroso vil!! Daqui uns anos sai da cadeia. Podia era pegar uma surra por lá e morrer. Não vai fazer falta o cão daqueles! E vários e vários casos que têm, infelizmente, nessa Terra estranha em que vivemos. Cada vez que um filho meu sai eu peço A Deus, aos Santos, a Sorte, A meus avós que já partiram, a amigos invisíveis....apelo pra tudo o que me lembro na hora, por conta dessa insegurança que nos assola. Meu filho Cadim e sua namorada, Yasmin, já presenciaram um roubo de carro em sua frente.Socorreram o rapaz que ficou desnorteado, sem saber o que fazer...isso é que deve revoltar. Sei que os preços, a inflação, a vida cara que temos é de suma importância, mas ficar remoendo uma coisa que DEVERÍAMOS SABER QUE É POR ÉPOCA, é demais para minha inteligência. Até gosto do programa da Ana Maria Braga...nada contra. Gosto das entrevistas quando posso assistir. Mas ô colar ridículo e massificador aquele de tomates gigantes!!!Puta que pariu!! A Globo ama massificar!!! CUIDADO COM COISAS QUE SÃO ENVIADAS PARA CADA DIA MAIS SERMOS CONSIDERADOS MENTALMENTE POUCO INTELIGENTES!!!!!!!

Tanto Sentimento


Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

terça-feira, 9 de abril de 2013

Manhãs

Acordei com o dia sorrindo. Ah! Um breve lembrar de que a cada manhã tenho um motivo a mais para que eu possa viver em função do dia em que estou. Uma bela lambida e afagos dos cachorros que felizes, correm quando abro a porta da cozinha que dá para a área de fora. Eles não sabem se lá ficam, deixando suas necessidades físicas ou voltam para me fazerem companhia. Correm de um lado para o outro. Derrubar-me, falta pouco! Coloco a ração e água. Eles pulam, empurram-me e eu brigo!
O som da manhã cedinho é lento!! Passarinhos, aquele plimpilm dos carros dos vizinhos sendo abertos, barulhinho dos portões elétricos, vassouras nas calçadas valsando, cachorros com seus donos na praça em frente, Galeno se lamentando.
Um sono que parece jamais sair dos meus bocejos. Como diabo eu acabo de dormir e já chega o dia? Confesso que só mesmo as obrigações para fazer com que eu a essa hora esteja de pé. Oh coisa ruim é acordar cedo. Foi essa coisa de achar que dormir é bom que eu fiz de um feriado, uma hibernação.
Engraçado as fases que a gente vai atravessando! Semana Santa eu só quis dormir. Um desespero para ficar em meu quarto deixando a vida lá fora para quem busca algo. Não que eu não busque, mas na Semana Santa a minha cama, meus filmes e meus livros passaram a ser as prioridades. Desde que tenho celular, anos luz, foi a primeira vez na vida que o abandonei jogado na mesinha de cabeceira, totalmente descarregado. Gente do Céu, foi um ato egoísta ( pois não estava na mesma cidade de dois dos meus filhos, minha mãe longe, amigos por aí...) que me deu uma paz surpreendente. Saí do Mundo e não fiquei com aquele sentimento de culpa ou de estar esquecendo algo ou de que não se pode mais viver sem celular. Não sei quando voltarei a agir assim, mas que foi um ato sensacional para mim, ah isso foi!
Vamos pegando umas manias que nos condicionam. Mandam em nosso querer e causam agonias na alma. Aquele vazio incompreendido fica latejando. Ao invés de darmos mais qualidade de vida para nós mesmos, vamos ficando prisioneiros de obrigações que nem sempre são para ser tratados como prioridades. Hoje acho a desconexão, algo de suma importância.
E assim, ando fazendo com tudo. Facebook também tira tempo de descanso, de leitura, de vida aqui no real. Ando entrando pouco. Respondo aos amigos, que acostumados com a minha presença se preocupam se algo me aconteceu. São pessoas com sua importância em minha vida, como os amigos de fora da tela, mas mesmo não nos vendo com frequência devem entender as minhas necessidades aqui fora. E convenhamos: notícia ruim chega logo, né? Se algo acontece, em seguida todos irão saber.
Com filhos a mesma coisa. Da mesma forma que eles precisam do espaço deles para crescerem, também preciso do meu. Já não ando tão disponível como antes, mas sempre por perto para apoiá-los. O mais novo, claro, ainda com uma atenção mais especial por depender de tudo ainda. E graças ao amor dos irmãos, aproveita a vidinha dele com o auxílio deles também.
Acredito que como a vida é efêmera, nosso papel diante dos que amamos é contínuo, mas sem que nos escravize. Lembro de um dia desses, na infância dos meus primeiros filhos, que íamos para o shopping. E lá eu os deixava na sala de boliche, avisava a um dos responsáveis pelo lugar que o que eles precisassem poderia ser liberado e,  ia sozinha para o cinema que ficava quase ao lado. Assim, eu também me divertia. Mesmo que sozinha! Sempre amei a sétima arte mesmo! Mas hoje não dá mais para confiar. Teresina cresceu e junto, as coisas ruins: violência e desrespeito pela criança. Mas sou tão privilégiada que dividimos até o lazer de nosso príncipe que detesta ser chamado assim, por ele seria o Coringa, aquele vilão do Batman. São as dinâmicas da vida. Cada geração, um modo de vida diferente. A minha infância foi na rua mesmo. Caindo, levantando...sendo moleca! Maravilhosos anos foram o final da década de setenta e os anos oitenta.
Perdi umas coisas pelo caminho. De uns tempos para cá não tenho expectativas em relação a mais nada. Vou vivendo o que for possível e tenho as minhas alegrias agindo assim.
As manhã são por vezes acinzentadas por notícias ruins, mas hoje estava tudo azul. Céu sem nuvem com ar de esperança.
Valéria Hidd



segunda-feira, 8 de abril de 2013

Para Todos


  • De repente não posso dizer-te
    o que te queria dizer,
    homem, perdoa-me, saberás
    ainda que não escutes as minhas palavras
    que não me pus a chorar nem a dormir
    e que estou contigo sem te ver
    desde há muito e até ao fim.
    Eu percebo que muito pensem,
    e Pablo o que faz ? Estou aqui.
    Se me procurares nesta rua
    encontrar-me-ás com o meu violino
    preparado para cantar
    e para morrer.
    Não é por querer deixar alguém,
    nem aos outros nem a ti,
    e se escutares com atenção, na chuva,
    poderás ouvir
    que vou e venho e me demoro.
    E sabes que devo partir.
    Se não se entendem as minhas palavras
    não julgues que sou o que outrora fui.
    Não há silêncio que não se acabe.
    Quando chegar o momento, espera-me,
    e que saibam todos que saio
    a rua, com o meu violino.
    PABLO NERUDA

Certeza

Esperei, mas não sem lembrá-lo que estava presente
Andamos em direção oposta em comum concentração
E todos os dias lá estávamos observando o vôo das aves negras
Eu os via indo e você os via vindo
Sempre com partidas a noite
Eu sob a Lua, imaginando ela te vendo
Andamos na contramão, nos vendo ao encontro dos olhos
Na pintura da parede da praça, o olhar meio por cima
O Sorriso leve sem abrir a boca
As Falas ouvidas através de músicas
Trouxeram o entendimento raro, em silêncio
Numa comunicação de dois seres, dois bichos, dois selvagens amáveis
Que nem sempre falam a mesma língua
Mas que o dito amor faz 
Com que os olhos da mãe natureza
Nos enxergue e diminua a distância
E assim vejo a incerteza apenas do lado da gramática
Que diz: a questão exige o antônimo!!