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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

FIM

Escrever é como conversar sozinha e saber que outras pessoas irão ter acesso. Tenho exatamente uma hora livre o que traz uma certa ansiedade. Começo, meio e fim não são fáceis de concluir com tempo marcado. Sinto-me como se estivesse sendo avaliada, observada por alguém que espera receber a minha prova. Coisa que quando eu fui estudante, jamais consegui me adaptar. Nunca gostei! Tive umas prioridades a dar mais importância e quando pude voltar a faculdade imeginei sendo condicionada a professores e alunos. O tempo passa para essas coisas. A paciência não é a mesma. Muito menos a humildade do Ser aluno. Não a tenho mais, embora tenha respeito pela figura altamente importante dos professores.
Sou fã número um de quem tem a vida na ordem, seguindo todas as fases com bastante esmero e dedicação. Mas entendo que cada um tem sua história. E são bonitas todas elas. Admiro-me, como admiro um senhor do campo que tudo sabe sobre de seu habitat.
Galgar realizações pessoais e chegar a conquista delas é mesmo para festejar da melhor maneira de cada um. As comemorações são singulares. Marcam o encontro com a vitória. E como ela se faz depende da faixa etária da qual nos encontramos. Quanto mais jovens, mas festeiros somos.
Desde domingo quando acordei e abri meu notebook que me encontro em grande pesar. Seriam várias comemorações, ponto de encontro, marco de fim de curso, encontro de amigos, talvez o reecontro de um casal desfeito, o arrecadar para uma formatura para ficar na história de seus protagonistas, abraços, beijos, risos, dança.....ahh muita dança!! E tudo se foi. A caveira andante aproveitou o descaso de vários setores da sociedade e ceifou várias vidas bem na saída da adolescência.
Sei que não sou a única pessoa a estar triste e achando injusta o início trágico daquele domingo. Que até posso esquecer com passar dos dias, pois não tinha lá ninguém quem eu conhecesse. O que de certa forma egoísta, eu agradeço. Não consigo ver a coisa como cidadão comum, um expectador vendo um palco tão cheio de fumaças, a desolação de quem tentou tanto e por fim pareceu que fez pouco, a falta de saídas preciosas, a falta de cores, a falta de extintores para serem usados pelo instinto, o salve-se, o corra, a luz traiçoeira atraindo para o pequeno banheiro, o punhal das mensagens enviadas pelos celulares, a desesperadora certeza do fim. Eu só consigo enxergar tudo isso como mãe. Com a dor intensa de que isso tudo me traz. A perda de filhos. A morte em vida para quem fica!
Não tem como assistir a essas repostagens e não lembrar que meus filhos também se arrumam, passam perfumes e se despedem de mim dizendo: mãe, já estou indo. E com um beijo que ás vezes esquecem de dar - mas que agora nem que eu corra até o carro, ou ligue ordenando a volta, jamais ficarei sem esse beijo - e se vão. Eu me benzo e digo só para mim: Vá e volte como foi!
Fico pensando nos pais, parentes e amigos daqueles jovens que morreram no último dia 27 de janeiro de 2013 em Santa Maria no Rio Grande do Sul. E vejo que só resta a pedir por JUSTIÇA. Eles já perderam seus amados. A chama se apagou. O riso foi embora. A esperança de vê-los realizados profissionalmente foi puxado pelo tapete da irresponsabilidade que ao meu ver, a maior delas é do proprietário do local. As irregularedades que lá existentes sempre são a mando do dono. E se alguém usou um sinalizador e causou o incêndio, orientação não teve. Foi na ignorância do rapaz cantor do Sul que tudo veio à tona. A fragilidade, a falta de amor e respeito ao ser humano lá na tal Kiss.
O teto tão frágil e tão negro e tão mortal. O rapaz querendo brilhar em seu show, conhecido na região. Um filho também, mas que teve o azar de não ter em mente o quanto aquilo seria perigoso num ambiente fechado. Aqui abro um parêntese para responder àquela menina pobre de espírito que desejou que isso poderia ter acontecido em outras regiões por nelas não haverem cabeças pensantes: querida, inteligência todos temos.  Responsabilidade, Maturidade e Experiência vem com nosso caminhar. E RESPEITO, coisa  que você não tem, vem de berço! Mas em cima disso sei que há muitos de nossos irmãos do Sul que sabem da importância de todos nós. Se não podemos ajudar de longe com coisas materiais, vai emanado um universo de orações e rezas e cultos e bençãos e passes....todas as religiões se dão a mão enviando energias para acalentar essa dor que só mesmo o passar do tempo abranda.
A tragédia me causa desconforto, um ar de injustiça com os que morreram, pois poderia ter sido evitada. Alvará vencido? Mas como vencido? O local nem merecia ter recebido um alvará. Extintores de incêndio têm validades. O que aconteceu com o que tinha lá?
Não há mais nem o que dizer , nem escrever....A morte ganhou!




quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

PROVISÓRIO

Será que estamos mesmo preparados para esse coisa que o Tempo traz? São tão efêmeros os momentos! Fico imaginando como seria a vida de alguém que tem tudo planejado, porque mesmo que eu tente a minha vida nunca sai como o ensaiado em minha mente. É impressionante! Umas coisas vão e vem. Tento ter um dia comum, mas nunca tenho. Seria eu uma extraterrestre a espiar a vida na terra?
Cada dia tenho mais certeza de que somos e temos o que realmente é pra ser nosso. E cada pessoa que nos pertence e que nós pertencemos é parte viva disso.
Estou ouvindo músicas. Jamais escreve sem elas. Uma pena a minha mãe não ter entendido que a minha mente só trabalha com este estímulo. Uma pena ela ter quebrado o meu som e assim começar a nossa disputa entre mãe e filha que viraram sei lá o quê.
Sou uma mãe permissiva. E cada vez que digo sim, mas tenho certeza que austeridade não faz bem a ninguém. Os nãos são tão esdrúxulos que nem é preciso eu dar. Meus filhos nada fazem para merecer a minha reprovação.
É claro que não somos aquela família margarina dessas propagandas. Coisa perfeita não nos cabe. Brigamos, nos exaltamos, mas também nos perdoamos. Cada um sabe onde o sapato lhe aperta. Dependemos uns dos outros e quem acha que pode viver sem precisar de ninguém que me mande uma carta, pois jamais vi um ser independente de auxílio.
Estou sem sono. Ao meu lado meu filho caçula. Os outros dois estão curtindo as férias. Nada fácil ir para cama sem que a casa esteja silenciando pelo dormir dos rebentos.
Não, eles não estão. Eu estou! E a casa fica maior do que é. Os cachorros sentem cheiros e me assustam. Comem e bebem numa rapidez.......
Senti sono...amanhã vejo se dá para estar em contato c esse terxto....
Boa noite Brasil e Mundo!

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Substância Química


Ela nunca mais escutara Scorpions. Holiday é a música. Para ela não existia coisa melhor para sair do Tempo do que ir para um passado intenso, embora pouco vivido. Infância com seu ar puro, cheiros agradáveis da cozinha da avó e da terra molhada quando chovia nas férias, os primos chegando de vários estados com seus sotaques e manias diferentes, os passarinhos, papagaios, cachorros. Ela lembra da porta da rua sempre aberta, pois não era comum a violência que hoje impera. Os amigos e amigas entravam e saiam a toda hora. Corriam, pulavam muros, chupavam dindim na calçada de dona Rufina. A velha viúva reclamava da zuada que atrapanhava seu cochilo a tarde. Mas que senhora chata! O que tinha sentar no muro baixo da fachada de sua casa? E que coisa mais desagradável é chantagem: vou já dizer para o avô de vocês!! Claro que o passar dos anos fez com que ela percebesse que o incômodo era grande. E dizia enquanto a viu com vida: A senhora me desculpa pela bagunça que fazíamos em sua porta? Afagos e carinhos. Claro que foi perdoada. Soube retribuir a atenção daquela idosa. E morando por anos ao seu lado, sempre ia tomar um cafezinho e ouvir as mesmas histórias da coitada da solitária viúva. Até o dia em que chegou um neto muito chato e metido que a afastou. Não sem anos dar uma surra no besta que "apresentadamente" lhe puxara os cabelos. Assim destemida cresceu. Algo nela a deixa segura. Fala, diz o que quer. Manera para aliviar o sujeito com seus predicados difíceis de análise. Mas ela costuma abrir uma gaveta imaginária em sua mente. Lá ela deixa todos que a magoaram, fizeram-lhe raiva, qua a ofenderam...há um cadeado com senha: ATRASO. Como não quer atrair negatividade e nem chateação para sua vida, vai evitando escrevê-la. Então, a gaveta permanece fechada. Ela pensa: História de vida não se apaga, mas pelo menos nada de fuçar a cômoda de cinco gavetas. E mesmo fértil, a mente dela. Isso a faz única. Sabe se defender das tristezas que ora já passaram por seu caminho. Esperta essa mulher-menina.
As falas são coisas intrusas. Muitas vezes saem sem que se dê conta do mal que elas fazem. Do jeito tipo punhal que são enfiadas. Pode parecer aos olhos dos outros que nada a atinga( o que não é verdade), porque do mesmo jeito em que ela se sente agredida, com a mesma intensidade e força na voz ou na escrita, de imediato ela fere.E se sabe o ponto fraco do falante, do seu agir sem pensar destila veneno. Um grave defeito. Podia evitar, calar-se, sair, deixa que ganhem na última fala. Ela até que já tentara mudar isso em si, mas ficara doente, deu febre emocional. O segredo é jamais entrar em polêmica. É não ir atrás de quem quer estar longe. É não permitir que "picuínhas" lhes tirem do andar. É parar para dar atenção e valor ao que tem realmente valor. São melhoras. Apenas melhoras!! Nada de curar o jeito desaforado de ser. Isso mexeria com sua personalidade nata. Seria utopia.
Ela se abate. E se questiona quando escuta algo que nada tem a ver. O que tem mudar de opinião? Esta depende do momento em que se está. E não pode ser sim e sim, pode ser não!!Ser tipo aqueles enfeites de Oscar Niemeyer em Brasília: Côncavo e Convexo. Tem também uma música do Roberto Carlos com esse título. Mas ela não se atreve a fazer uma comparação, porque desconhece a letra. Um dia se pode ser um ou outro. Uma tampa fechada e uma tampa aberta. Ninguém é tão bom e nem tão mau, mesmo tendo um caráter legal. Isso a fez desculpar uns e outros.
Alguém disse para ela que o seu jeito não afeta em nada os que a amam. E que ela apenas se saia de pessoas que lhes tragam situações onde ela perde a posição que tem na vida de quem a ama e considera. Amigos verdadeiros! Ela sabe que os têm! Quem procura acha!! Sabe ela o peso dessa frase.
Inebríasse com suas letras e palavras e frases e textos. Isso é muito mais do que qualquer sacana e maldosa substância química. Ela vive sim, drogada. DROGADA POR MUITA CORAGEM, ATITUDE E AMOR  QUE GERA MUITA VIDA PARA SE VIVER!!
O resto fica sendo o da conta de dividir, porque o Resto que ela dá valor e que lhe traz a chama da vida é mesmo o de Cazuza!! Ser completamente louca por falar o que se enxerga não faz ninguém ser instável. O que faz isto é estar com quem não se deve conviver! Mudar é  sinônimo de vitória!

Valéria Hidd






domingo, 6 de janeiro de 2013

Encontro das Águas, Caipirinhas, Lembranças e Gargalhadas

Tem um cantinho em Teresina onde eu e Patrícia, minha amiga, gostamos de ir. É um ponto turístico chamado Encontro das Águas, por se localizar justo no encontro de dois rios importantes para o estado. Os rios Parnaíba, que nasce na Chapada das Mangabeiras que fica na divisa de Goiás com Bahia , Piauí e Maranhão e Poti que nasce na Serra da Joaninha  no sertão do Ceará. Percebe-se  o encontro dos dois bem nitidamente, por as águas do Velho Monge, como o Parnaíba é conhecido, serem bem mais claras.




Geralmente vamos uma vez por mês, sempre dia útil, porque é mais vago. Jamais vi uma pessoa conhecida por lá. Têm umas coisas artesanais para vender. Ao chegar, atravessamos onde os turistas gostam de ficar tirando fotos e passamos direto para a balsa. Esta funciona como um bar/restaurante. Não há luxo, mas o lugar é super agradável. Flutuante. Temos que seguir numa pontezinha de madeira. Umas sete passadas. Não sei ao certo. Os garçons e a única garçonete nos conhecem e são sempre muitos simpáticos. Já sabem que vamos pedir umas piabinhas fritas. Adoro!! Com bastante pimenta. Bom demais!!
Sempre sentamos próximas as águas. Jogamos farofa e os peixinhos sobem para comer. Na época das cheias dos rios fico meio com medo de cobras. Mas os garçons asseguram que não andam por lá. Pelo menos com movimento, não. " Meu amigo, se eu vir uma cobra aqui, faço um escândalo, ou paraliso?" Ele acha que paraliso!!! E a gente sorrir!!! Deuzulive!!! "Quem gosta de água é serpente?" " Amiga, toda cobra bebe água!" " Diz isso, não, eu morro""....papos. Medos de cobras...isso traz algumas falas tirando sarro com a minha cara, afinal não é toda cobra que me assusta!! Risos.
Essa foto acima é da entrada. E essas estátuas são em homenagem a uma lenda local. A lenda do cabeça-de-cuia. Fala sobre um pescador chamado Crispim que ao término de um dia ruim de pescaria chega em casa e espanca a própria mãe idosa. Deve ter bebido, sei lá. O fato é que ficou furioso porque não tinha o que comer. A mãe preparava algo simples na cozinha quando foi atacada por ele. Muito machucada, antes de morrer, jogou uma maldição no filho ingrato. " vais virar um monstro. Metade do ano vais perambular pelo rio Parnaíba e a outra metade, pelo rio Poti. A maldição só será desfeita se você comer sete virgens chamadas MARIA". Bem aqui não entendo muito bem. Comer de transar ou comer de devorar carne e osso? Enfim, acho que contei direitinho a lenda...
Como de costume sempre ligo para Patrícia pela manhã. Falamos umas besteiras, reclamamos da vida, sorrimos e neste dia, uma sexta-feira, combinamos de ir para o Encontro das Águas que fica no bairro mais antigo de Teresina, o Poti Velho. Foi a partir de lá que a cidade foi se organizando em 1760. A economia do local, hoje, gira em torno do artesanato. Há coisas lindas. De lá já saiu um presépio que fora presenteado a rainha da Inglaterra, Elizabeth II. Mas ainda há os que vivem da pesca.
Ao chergarmos, Patrícia pede a Francisco, o garçon, as piabinhas e nossas caipirinhas. Estas feitas com a tal cachaça 51. É dela que gostamos. Não é forte, mas nada pareceido com limonada.
Muitos assuntos. Vamos destrinchando coisas sérias e banais. Algumas fofocas. Homens, filhos, compras, sonhos, erros, aventuras e muitas gargalhadas. Discretas gargalhadas, embora muitas e muitas.
As caipirinhas vão sendo substituídas por outras e outras e outras. Uma tarde agradável. Lembramos do carnaval de 86. Nossa...Uma semana que ainda hoje dá no que falar. Desde o acordar até a hora de cair na cama, a gente aprontava. Umas diabas!! Teve uma noite, ainda não havia começado o carnaval, estávamos já em Amarante, interior do Piauí. E saímos pela janela porque já tinham ordenado que fôssemos para o quarto dormir. Saímos pela janela e de madrugada quando voltamos as janelas estavam todas fechadas. Eu quase dou um treco de tanto rir. As meninas, inclusive Patrícia, com a cara de terror estampada. Elas putas porque eu ria. Alguém lembrou que a porta era fechada apenas com uma cadeira encostada e por lá entramos. Quando o grito de carnaval se deu, todas as noites íamos para o clube. Um desses dias cada uma ficou dançando e beijando uns caras lá. No outro dia fui acordado pelo choro das meninas. Uma briga danada. Disseram que estávamos com uns quebradores de côcos de Fortaleza. Fiquei abismada. Sentei na cama e disse: " nossa, eles são tão lindos. São quebradores de côco?? Nãããããããããõooooooo, Lelinha, eles são apenas de fora!!!! Que alívio!!!!! Mais risos!!!
Essas nossas histórias, nos fazem rir. E caipirinha e piabas e pimentas....caem com uma certa rapidez. De repente, chega ao flutuante, um cara vendendo seu trabalho. Acho isso bonito. A pessoa vai atrás dos sonhos não importando o quão difícil seja.
O tal artista chega em nossa mesa e reconhece  que Patrícia em outra ocasião comprou seu CD. Ele pergunta se ela gostou e eu peço para dar uma olhada. Li e gostei. Bem variado e cheio de músicas internacionais antigas. E sendo saudosista como sou de imediato comprei um.
Ele, o artista, começou a fazer  sua propaganda sobre cantar em festas e aniversários...essas coisas. Estava próximo do aniversário da namorada de um dos meus filhos. Chamei o cara: "Venha cá. Você vai cantar numa festa de aniversário.Traz bem aí o contrato!!" Ele disse que não precisava. Agendou e pegou nosso número de celular. Eu insistia que comigo era tudo no contrato. Patrícia sempre mais prudente, dizia que se ele preferia assim, estava bom. Fechado!!
Vai ser muito massa o níver. Só música linda, dizia eu!!! Pat ficou meio assim, mas nada disse. A essa hora eu já estava teimosa.
Eram dezessete horas. Pedimos a conta. Nossa...doze caipirinhas minhas e dez dela. Saímos numa boa. Mandei beijo, uma marca minha ao me despedir de alguém e fomos em direção ao carro. O dela. Claro que estavamos meio altas, mas nada que assustasse.
Nem tínhamos saído ainda do Poti Velho quando avistei uma blitz. Fudeu, amiga! Relaxa que não vai haver bafômetro, não! Nos pararam. "Documentos, por favor!"
- Moço, vou ser sincera com você. Está tudo errado comigo. Tudo. Carteira, documentos do carro e eu própria não estou bem!
Eu muito séria olhava para frente e olhava para eles conversando. O cara baixou a cabeça, nos olhou e foi dizendo para irmos para casa. Vão!!!
- Oh moço, muito obrigada. Deus lhe pague. Boa sorte.
- Vão!!!!!!!
E seguimos nosso caminho morrendo de rir da situação. Só mesmo um anjo para nos liberar. Mas fomos bem devagar. Ela me deixou em casa e quando chegou na dela me ligou. Uma tarde bem tranquila e divertida. Só que ainda tomei umas cervejas com um dos meus filhos. Misturada doida!!! Dormi mesmo que uma pedra. Só acordei no outro dia depois do meio dia, com uma ressaca de matar. A pasta de dente me fazia sentir-me grávida. Causava um enjoou da gota! Vomitei o suco que tomara. Oh vontade de comer uma melanciaaaaaaaa.
Nessa confusão, para variar, perdi meu celular. Tenho total consciência de que não posso ter um aparelho fodão. Só se eu quiser e puder jogar dinheiro fora. Eu nem sei quantos celulares eu já perdi. Dois eu sei que caíram no vaso sanitário quando eu fui fazer xixi (isso não cometo mais), na academia ficaram dois...enfim, sumiu mais um!
De repente Patrícia me grita lá na porta. Fui abrir com aquela cara linda e dizendo que perdi meu celular. Mas para minha alegria, o bicho estava com ela. Ao tentar me ligar pela manhã, o meu celular tocou dentro do carro dela.
A coitada estava desde cedo querendo falar comigo e quando me ligava, chamava, chamava, chamava e nada.
- Louca, você lembra que marcou um show com o cara dos CDs?
- Eu?? Ah sim...pois eu não quero, não!! E agora?
- Agora? Eu já liguei e desmarquei tudo e ele tá puto é comigo!!!
Amigos são assim ficam putos com a gente, mas não nos abandonam. Nos ajudam a sair das situações difíceis!! Pat tem bom coração e logo me perdoou!
E assim, nada de bebidas até eu esquecer aquela ressaca do diabo lá onde o cabeça-de-cuia perambula atrás das virgens dele.

Valéria Hidd




sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Vida de Dois

 E por mais que ele peça um "tico" de confiança, ela jamais conseguirá dar. Não se emenda vidro quebrado. As falhas ficam aparentes. Ausências não são preenchidas com a força do pensamento, mas com a presença demonstrada. Pode até nem ser física.
Ela nem consegue distinguir se ele é desleixado, desatencioso, idiota, doido, ou sacana, mesmo!! Diabo de personalidade doida!!
Como se pode viver tanto tempo com alguém e não conseguir decifrá-lo?
Ao mesmo tempo em que parece perdê-la, ele a tem.  Uma dicotomia impressionante. Tipo corpo/alma.
E são tão diferentes que há entre eles um canyon. Coisa natural. Nada imposto. Ele pulou para um lado e não pôde voltar, então ficam lá e cá. Num vazio/dor que suportam. Embora nada fácil.
O que parece é que criaram um mundo de dois. Com pessoas ao redor e vida sendo vivida. É meio doido de se entender.
Têm algo faltando, como também sobrando. Conseguem parceiria, por incrível que isso pareça.
Pode ser que estejam acomodados, mas se amam. Como se amam? Eles não sabem!!!
Têm umas frases no outdoor do Detran que diz: " Na dúvida não atravesse ou é ultrapasse" uma coisa assim. E vão ficando nessa. Jamais avançam. Parece até covardia, como também prudência.
Se juntos brigam, longe saudade, como na música, algo há de verdadeiro nessa coisa que não tem nada convencional.
É tudo tão complexo como esse texto. Complicado não é, já que os dois levam esse jeito muito estranho de ser.
Todo dia parece ser dia qualquer. Não há datas. Não comemoram nada. Passam vários setembros e nunca lembram da data do casamento. Ela por sua vez, acabou de lembrar. Um absurdo. A origem de tudo tem tanta importância que o homem nunca termina a busca de saber de onde viemos.
O fato é que já passou um "bocado" de tempo. Não dá vontade de pensar no que não seria. Isso dá trabalho e ansiedade. Cada um cuidando de suas obrigações e deveres, os direitos vão deixando passar. Se cobram e brigam, caso sintam-se ameaçados. Mas que coisa louca!!! E assim ela percebe que não há desapego. Talvez confiança exagerada de não chegarem a ver o fim antes do fim de cada um. Alguém disse:" tanto erra quem confia de mais, como quem confia de menos". Ela não sabe de quem é a frase, mas concorda!!
Não se pode deixar de pensar em terceiros. Nos penetras que podem vir surgindo. Vai que um gosta da festa e fica? Há um risco, então. Fidelidade/Lealdade o que pertence aos dois?
Parece que seria inútil tentar entrar no mundo deles. Por mais que a tempestada demore a passar, os dois estão sempre lá. Sentados na mureta da vida, observando a passagem do redemoinho carregando o que não adianta entender.
É vida que segue.

Valéria Hidd





A Flor da Pele - Zeca Baleiro

Zeca Baleiro

Ando tão à flor da pele
Qualquer beijo de novela
Me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar "flor na janela"
Me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Meu desejo se confunde
Com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele
Tem o fogo
Do juízo final...
Barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido
Às vezes me preservo
Noutras, suicido!
Ando tão à flor da pele
Qualquer beijo de novela
Me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar "flor na janela"
Me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Meu desejo se confunde
Com a vontade de nem ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele
Tem o fogo
Do juízo final...
Barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido
Às vezes me preservo
Noutras, suicido!
Oh, sim!
Eu estou tão cansado
Mas não prá dizer
Que não acredito
Mais em você
Eu não preciso
De muito dinheiro
Graças a Deus!
Mas vou tomar
Aquele velho navio
Aquele velho navio!
Barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido
Às vezes me preservo
Noutras, suicído!

Vento

Vento, aquieta o meu ser.
Traz a impressão do carregar o que triste me deixa.
Deixa-me aprontando a nova esperança.
Quiça eu possa abrandar o inexorável que o Tempo traz consigo.
A peste rugosa de face,
Causada pelas fases correntes do percorrer das causas.
Sopra até exaurir toda a poeira.
Ventila refrescando corpo e mente.
Jorra toda pressão,
O perfume natural da tranquilidade.
Valsa os pensamentos torturosos
Que nos tiram do trilho sem curva.
Passa como rio que sorri
Por ter sempre água nova em seu leito.
Chega até os meus olhos.
Faça as lágrimas inibirem-se.
Mas lembre-se de não alcançar tanta velocidade.
Não espero choque de temperatura.
Apenas o acalmar daquilo que não posso fugir.
Vento, perdoe-me a presunção,
Mas continue a passar pela minha janela
Enquanto eterno se durar o meu tempo.

Valéria Hidd

Senhora de Bondade

SENHORA DA BONDADE

Não te quero por tua formosura
De rainha da graça entre as mulheres:
Quero-te, porque és boa, porque és pura
E inda mais, porque sei que tu me queres.

A beleza exterior nem sempre dura,
E a d’alma, estejas tu onde estiveres,
Ungirá de virtude e de doçura
Tudo em que a bênção deste olhar puseres.

Eu sou artista – encanta-me a beleza
Em ti, porém, abstraio-a inteiramente,
E penso amar-te, assim, com mais nobreza,

Pois se te esqueço a forma e a mocidade,
É para amar em ti unicamente
A encarnação suprema da bondade.

Nogueira Tapety - Poeta Piauiense (1890-1918)

E no sonho...

Há um carneiro correndo 
Em minha direção.
Algodão puro.
Parece uma nuvem de tão branquinho.
É num sonho.
A distância vai aumentando.
Permanece nítida a imagem dele.
E cadê esse carneiro que nunca chega?
Parece cansado da estafante lida!
Carneirinho, carneirinho
Contei tantos antes de adormecer!
Vem. Chega logo!
Se eu acordar, foi-se a nossa chance.
Cordeiro, carneiro ou lobo?
Não sei.
Acordei e o que corria,
Nunca chegou!!!

Valéria Hidd

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Na Terra dos Titãs e de Russo

Será que o acaso vai me proteger enquanto eu andar distraída?
Amo muito. Choro muito. Quase vejo o Sol nascer.
Complico tudo. Percorro muito o que nem sei.
Não aceito esta vida, mas sei como ela é.
Arrisquei mais, errei mais.
Fiz o que eu queria fazer.
Sei a alegria e a dor que trago no coração.
Importo-me muito com problemas pequenos.
E quase já morri de amor.
Ando muito distraída e brigada com Tempo.
Mas não vejo o Sol se pôr.
Gostaria que hoje houvesse luar com ondas
Beijando a praia,
Encondendo o nosso encontro.
A Lua sendo de prata e
O Mundo pertencendo a nós.
Mas onde está o meu amor?
E Renato Russo disse que passou ao lado dele.
Sozinho, sorriu para ele.
Ele o conheceu junto ao Mar.
Avisou: o Mundo pertence a nós e,
Hoje, a noite tem Luar.

Valéria Hidd