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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ela acordou naquela manhã com as batidas violentas das roupas na pedra da pia. Nunca entendera aquela atitude das lavadeiras. Seria uma pergunta infantil? Pensou. Deu um sorriso pra si mesma e continuou imóvel, calada e voando por entre suas obrigações e pensamentos de fuga. Que noite, ruim, aquela anterior! Todos os músculos gritavam a mesma coisa: Levante-se e reaja, o mundo não vai parar por conta de sua desilusão. Ou melhor, desilusões.
Ter consciência disso não era exatamente aceito por ela naquele acordar cedo do dia. Por que quem há fez sentir-se um caco de vidro no chão não estaria nem aí? Era tão fácil deletar da tela a coisa escrita errada. Qual o motivo da mente não obedecer a sua voltade de excluir o culpado da desordem cerebral no instante do abrir os olhos naquela nova manhã, naquele novo dia?
Sem dúvidas ela sabia que nem sempre o pensamento se alia a vontade do reagir. Era como se ela fossem duas mulheres se digladiando. Duas amigas: a razão e a emoção. Claro, sempre elas trazendo as contradições para a normalidade do dia a dia daquela mulher que de forte não tinha era nada. A visão de sua força, sabia ela, era uma espécie de membrana. Uma capa. Quem a olhava, enxergava aquela beleza sempre com as respostas na ponta da língua. E só ela entendia que as respostas mais rápidas, eram de fato, as mais fáceis de dar.
Em sua agenda íntima haviam dezenas de coisas por fazer. Estavam em linhas diferentes. Precisava ela rapidamente, parar de sentir pena de si mesma e ir organizando as suas tarefas. Muitas, obrigações. A maioria feitas a muito custo, mas sem aplauso nenhum. Sem reconhecimento. Sem vida. Apenas renúncias.Falta de ânimo na vida. Isso sim...
De repente toca o despertador. Era para ser o momento do acordar. Nem ela mesmo, sabe dizer o quanto tempo ja estava acordada. Não haviam mais pancadas na pia. O Astro Rei já estava a todo vapor fazendo evaporar as nuvens do caminhar daquelas roupas. Uma delas sabia por onde ela andara,com quem falara, o que dissera,o que deixara de dizer, o caminho que percorreu...mas opa!!!!! Que legal.... nem mesmo aquela roupa - tão linda blusa - sabe o que sentiu o seu coração pulsar de vários tons diferente aquele dia, nem mesmo ela, sabe o que ela pensara ou sentira.
Ela começou então a colocar em prática o que havia visto num desses livros de auto ajuda: " VOCÊ É AQUILO QUE PENSA".
Veio a sua mente aquele estado de espírito que está tão ao alcance dos olhos nas pequeninas entrelinhas do texto da vida. Da história de vida de cada um. E a mente dela é tão rápida e doida, que nesse extato momento lembrou do trecho da música...."felicidade é tudo o que se quer. A esse maldito...de repente a gente rarga a roupa numa febre muito louca....faz o corpo levitar...." O que tem uma coisa com outra ou o porquê dessa música ter vindo a mente dela naquele momento, só mesmo a mente pode explicar. Mas o espantoso de tudo é que aquela desilusão foi se perdendo diante do mais novo foco trazido pela mente. O corpo levitar. Nossa....nossa...que delícia!!Diz a outra música.
E achar que tudo isso são coisas desconectas é deixar esse texto de lado e ficar sem entender o que move mesmo o pensamento de uma mulher. Saber agradar a mulherada é muito fácil. Claro que ela leva em consideração que há de se ter um par. "Dois fãs, um par". Como Nando Reis nos faz entender o que os olhos são.
O mais interessante é que ao sair da cama e ir para o banho o impasse que a fez pensar e viajar por paisagens com suas folhas caindo perante a ventania do despertar, já havia dado lugar às folhas que estavam nascendo. A coisa perdeu a proporção doida e deu lugar ao continuar da jornada. Não estava mais pensando em deletar nada. Precisa ter na mente claramente aquela ponta de letras, silábas, palavras, frases, orações...para assim classificar o que servirá para completar as lacunas por onde estão mal entendidas, ainda, a passagem daquele outono que seria mais um a recordar.
Aquele velho gosto de café e cigarro na boca, ainda permanecerá em sua vida. E se a vida é assim tão contraditória - pensou ela por ser não fumante - o melhor a fazer é aceitar o não ser comum e nem normal. Jamais isso quer dizer: estar doente! Pelo contrário, doente é quem vive na mesmice dos eternos pensamentos imutáveis.
E ela já refeita pelo banho, olha-se nua ao espelho e se diz: Linda, hoje é o seu dia!!!

2 comentários:

  1. "Linda, hoje é o seu dia!!!".....é tudo o que tenho a dizer depois de ler este tão bem colocado texto! Parabéns linda!! Bjinhos e força aí querida......lindo blog!!! Abraçãooooooooo

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  2. P.E.F.E.I.T.O.O.O.O.!!!!!!!!! A.M.E.I.!!!!!!!!!!!!

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