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terça-feira, 10 de abril de 2012

A Hora de Ser Esperta

"Sábado a tarde com o marido em casa com o filho mais novo, uma jovem senhora sai de casa para ir ao salão. Muito tranquila avista uma blitz. Pensamento positivo. Respira e inspira. O guarda dá o sinal p encostar. Muita calma nessa hora!
- Oi seu guarda! Entrega o documento do carro. Seu guarda, eu fui roubada,tô sem carteira, mas tenho aqui um O.B, quer dizer: B.O!! Gente, minha bolsa tem tudo. Peraí.... (mexendo na bolsa parecendo um louca). Seu guarda, a culpa é do meu marido. Aquele safado tá me traindo, mas hoje eu mato aquele nojento.... E o guarda, como quem olha uma desequilibrada chifruda. Acheiiii!!
- Dona, isso aqui é uma certidão de nascimento.
- O quê? Puxou o papel....Oh... seu guarda é mesmo!! É do meu filho caçula. É que viajo muito e ando direto com a certidão. Alias, eu nem preciso mais, pq tirei a identidade dele. Eu vou matar aquele irresponsável. Que deve estar com uma periguete a essa hora!!!! Mexendo na bolsa.... Acheiiiii!!!!
- Dona, o B.O já perdeu a validade!!!
- E tem validade?????Seu guarda, eu vou me matar!!!
- Dona, vá pra sua casa e tome uma coisa lá pra senhora se acalmar!!!Seu marido deve estar só bebendo com os amigos!!!
- Tá bom, seu Guarda, vc é muito gentil!!!"
Carteira vencida faz a pessoa fazer cada coisa!!!
Uffaaaaa!!!

domingo, 8 de abril de 2012

Ela já tinha maturidade sufuciente para entender o que se passava dentro dela. Não havia mais espaço em si para ser sufocado ou mesmo sugado. Estava disposta a não estar mais tão disponível aos que amava. Cada um que seguisse com sua história. O amor, claro, irá sempre manter a linha presa em cada um, ou melhor dizendo, o elástico.
Aquela tristeza de não saber o que a deixava naquela inércia, por anos a deixara feito planta ornamental. Mas era uma coisa meio inconsciente. Iam se passando os dias, os anos e lá sempre estava ela. Alicerçando, sendo a fortaleza de todos menos dela mesma. Não haviam agradecimentos. Quem haverá de agradecer a quem sempre está ali, pronta a dizer algo, a fazer algo pelo pedinte?
Mas ninguém acorda disposto a mudar da água para o vinho. Foram os acontecimentos ao seu redor que a despertou. Talvez alguns poucos anos. Não foram com os ganhos que despertar foi nascendo. Foram as perdas. Elas. E foram tantas e tantas, que enumerar seria a volta de esquecidos monstros que adormecem em algum lugar no tempo de seu viver.
Porém, foi a fatalidade que acordara num sábado que a fez desistir de ser grega e troiana. Ela passou a ser apenas troiana. Por quê? Por gostar da figura como Heitor é retratado. Homem lindo que amava a mulher, seu pai, seus irmãos e claro, era um príncipe que amava o seu reino. E era íntegro consigo mesmo, embora o amor pelos outros. Não fugiu de lutar quando Aquiles foi a seu encontro. Se despediu dos que amava, lutou(pois não fugiu do que lhe foi imposto pela vida) e morreu bravamente. Um guerreiro!Fez o que achava ser melhor, mesmo tendo a sua frente a morte à vista. A provável morte que nos assola a todos os instantes desde que nascemos.
O que ela agora, troiana, desejava era fazer o seu dia valer à pena. Achava-se até pouco tempo passiva ao soprar dos ventos. E isso a fazia rir, pois andou e nem sabe por onde.Não aproveitou a paisagem, por que não eram as suas. Apenas as moldurava. De forma bela, mas sem valor histórico.
Ela respirava aliviada de certa forma, embora o despreendimento fosse ainda parcial. Tudo gradativo, sabia ela. Não iria por os seus ao relento. Todos ganhariam. Iriam em conjunto aprender a pescar no mundão que o mar é.
E o modo como ela estava, agora, enxergando a si e aos outros, coincide com a chegada do amor. De um novo amor que surgiu inesperadamente. Pulou da melodia e se instalou no dia a dia. Arrombando a porta e escancarando que na vida há vários chamados, mas só escuta quem está surdo. De repente os sentidos não mais a atendiam. E o certo e o errado começaram a se digladiar na arena interior da paixão que estava sentindo. Cores e músicas foram se transformando em um só substantivo abstrato. E a falta do paladar e do tato a enlouqueciam.
E se o Tempo é um ladrão, o que seria para ela naquele momento? As falas estavam dinâmicas demais. O efêmero cutucando o inexorável. E ela ainda meio perdida em si, nele, nela..... em todos.
Ela se delicia com um gole de vinho e lança um olhar para o vazio, como se ali estivesse o seu socorro. Aquele que ela desejava a todo momento. Fechou os olhos por alguns minutos, apertou os lábios um no outro e suspirou aliviada por constatar que jamais estivera tão viva e tão bem consigo mesmo.

sábado, 7 de abril de 2012

Dentro do silêncio há tantas palavras perturbadoras! Desde criança ela achava injusto o calar como respostas. Claro que sabia que era o não oculto. Aquela coisa que faz criar os questionamentos. Então foi assim que foram criando as contradições, ou melhor, foi assim que ela jamais conseguiu entender os nãos ou os sins. Quem cala não consente. Omite o não. São fatores que vão formando o jeito de ser da pessoa. Embora não entendesse que iria dar um não, querendo dizer o contrário, várias vezes. Ela odiava essas contradições. Feito dizer, sai da minha vida, nunca mais quero vê-lo. Rezando e implorando para que ele faça o contrário. Que puxe-a e agarre-a. Muitas vezes perdeu. Faz parte!!
Um certo domingo na casa que era dos avós maternos (os que jazem) ela estava numa dessas reuniões de família. Aquelas que chega um parente de fora e os membros que moram na cidade se reunem pra conversar, sorrir e brigar. Típica reunião familiar. Povo dela fala alto e cada um tem a sua razão. A sua frágil e milindrosa razão.
Calada, repensando para sofrer em alguns episódios de sua vida que foram fatais para algumas fases, matou-se e nasceu algumas vezes. Umas cicatrizes meio dormentes restaram para dar ar a melancolia. Olhar parado e boca entre-aberta. Uma característica de quando está voando, pairando por cima das conversas e feitos já conhecidos. Aquela casa grande sussurra em seus ouvidos, ora que ela fez a coisa certa, ora que ela só fez besteira. Mas uma qualidade ela tem. É consciente de que os erros não são para ficarem chateando o juízo, são a própria vida, são a busca do viver, do acertar e, não são amigos da razão. Doce razão que se perde e se acha. Uma vida cheia de viver só tem um jeito de se aproveitar: pensar pouco!!
- O que faz aqui sozinha tão pensativa que não me ouviu chamá-la?
Aquele era um tio muito muito querido. E ela estava pensando am algo não publicável. Que era de sua mais íntima gaveta. Aquela que tem um fundo falso. Mas como o seu raciocínio era rápido e intrigante afirmou que estava pensando numa coisa que que ele dissera ao ouvir uma música. Havia já algum tempo. Contudo, ela não esquecera jamais, porque embora uma coisa desaprovada, era muito comum. Por isso ela ficou impressionada por ele, um homem maduro e vivido, ter soltado uma dessa. No dia ela ficou intrigada. Jamais acreditou que ele estaria sendo honesto. Ali seria um bom momento para a omissão. Se não pode expressar o que acha ser verdade, cale-se. Assim pensou ela. Nós adultos sabemos que não há como dar na vida sempre a divisão exata. Muitas vezes resta um ou dois, na vida a dois. Até três!!!
- É neném? Qual foi a música?
Ela cantou o trecho que fora xingado no dia:" Tô fazendo amor com outra pessoa, mas meu coração vai ser pra sempre seu. O que o corpo faz a alma perdoa".
Seu tio ficou sem palavras, talvez por perceber que ali estava uma mulher, além de sua sobrinha tão amada por ele de forma paternal.
- Temos que ter discernimento com as situações que a vida vai nos impondo. Fugir de algumas às vezes cai bem.
Ela o explicou seu ponto de vista. Não o estava criticando pelo que seria a traíção descrita na música, mas a posição dele diante das pessoas. Disse-lhe que desejo e amor nem sempre andam juntos. Se a vida a dois fosse para ser perfeita, não haveriam os impulsos. A força da razão é fraca, quase inerte. O amor pode ter o poder do perdão. Mas um único e sequer minuto podem colocar o certo se perdendo no duvidoso. E que o desejo e o prazer são inimigos de amores antigos. E que não é uma posição masculina. Sentir e ter necessidades é de ambos os gêneros. É a vida querendo SIM e a gente querendo o NÃO. O negar... Sabia ela o segredo de seu tio. O amor por uma mulher e o desejo por outra.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Veado ou Viado

Na tarefa do Galeno tinha uma questão para que ele copiasse a palavra VEADO. Ele está estudando o V de Valéria. Isso chamou a sua atenção.
- Mamãe, eu não sabia que a gente estudava esses nomes.
- É o bicho isso aí....aquele que aparece no filme da Branca de Neve...é um daqueles.
- Ahhhhhh
- Por quê? Vc achou que era o quê?
- Achei que fosse algum nome feio, né mamãe?
- Mas por quê? Isso eu já estava sorrrindo da cara dele!
- Porque tu chama é muito os homens na rua de "viado" né? A polícia que fica na blitz também!!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

O Copo

Sempre achei que em copo de criança ninguém deveria beber. Galeno tem mania por copos. Não o levo em supermercados, porque além de bonecos,ele quer trazer o copo da vez...personagens de filmes e de quadrinhos...aqui tem de tudo. Mas hj abri a geladeira e com preguiça peguei um copo pequeno dos flintstones, enchi de água e bebi nele. Galeno parou próximo a mim e disse:
- Sabe mãezinha, tenho nojo d
esse copo.
- Oxe....por quê?
- Um dia eu tava com preguiça de ir no banheiro aí eu fiz xixi dentro dele.
- O quê? Menino, onde se viu isso seu nojento?
- Mamãe, mas não tem nadinha. A Silvia já lavou. E faz é tempo isso. Mas eu não bebo nele, não!!
- Você é um nojento. Nunca mais faça uma coisa dessas...

A Moeda

Galeno adora aquelas propagandas que entregam nos sinais de trânsito. E a satisfação só é completa se for em suas mãos a entrega. Meu carro nem tem lixo, pra não dizer o contrário. Mas eu tb recebo pq eu tenho pena do pessoal que fica no sol quente. Nem sei quanto ganham. Toda sexta-feira encho uns três sacos desses de supermercado dessas publicidades...vende-se, aluga-se...Mas na terça-feira passada aconteceu que um dente do Galeno achou de cair na volta do colégio. Ele como vem varado de fome, sempre levo algo pra que ele engane a fome até chegar em casa. E quando mordeu, o bicho caiu. Nossa...ficamos felizes dentro do carro...cantei parabéns, batemos palmas e ....e...ele me entregou aquela coisinha pequena, branquinha e sem defeitos. E ao parar no sinal ele disse:
- Mãezinha, pega esse aí você!
Pra quê??? Por que eu? Eu estava dirigindo, falando ao celular e com o dente na mão. Ao baixar o vidro do carro o dente caiu dentro do carro. Eu como eu sou muito "discreta" soltei alto um - OH MEU DEUS! Eu sei o quanto esse dente é/era importante.
- O que foi heim??
- Silêncio.....
- O que foi.....cadê o meu dente? Tu fica calada olhando pra baixo...ahhhhhhhhhhhhhhh euuuuu queroooooo o meuuuuu dente!!
Mantive a calma porque o dente estava lá...claro que estava...eu tinha que acreditar que estava.
- O que a fada do dente vai pegar se o meu dente não estiver lá no travesseiro??? Chorandoooooooo.....ele estava chorando.
E eu lá dirigindo e ao mesmo tempo procurando a coisa branca. Num desespero total!!!
- Galeno, espera eu parar o carro. Não posso parar aqui na avenida. Eu vou achar.Mas qualquer coisa eu converso com a bruxa dos dentes.
- Bruxa é tu, mamãe. Ela é uma fada. E eu vou ter pesadelo.
Quem é que contou isso pra ele. No meu tempo eu jogava o dente lá em cima da casa. Não sei pra que, mas jogava.
Mas eu gosto das coisas bem limpas. Não tive culpa do dente ter caído. Parei o carro, abri a porta,saí e dei um sinal de legal pro cara atrás. É bom ser mulher nessas horas. Ele teve paciência. O que será que ele pensou que eu estivesse fazendo naquela posição e com um menino esguelando que a fada não ia ter dente pra levar? Sinceramente, tentei até chorar..
-Achei...achei......uhuuuuuuuuuuuu...moço obrigada, eu achei o dente dele.
Quando eu olhei a fila de carro atrás, morri!!!!
Galeno, claro ficou satisfeito e soluçando me disse:
- Oh mãe, eu tô muito feliz. É porque a Fada do Dente, deixa R$1,00 quando ela leva o dente.
Nãããããããããããõoooooooo.....quase eu enfarto!!!!!Eu parei o trânsito por causa de uma moeda???? Eu ainda morro....esse menino vai me matar. Só vive me metendo em confusão. Já se perdeu no shopping e já fez xixi dentro de um guarda-roupa de uma loja....mas aí são outras histórias!!!

Comigo Coisas Acontecem

Ainda bem que eu existo pra mim. Eu sempre me ajudei a sair das confusões em que fui me metendo. Seja com tiradas com cara de pau, seja com reza (atendidas pq mereço), seja com sorte, seja por causa do destino. O acaso, não. Este aí nunca bateu em minha porta. É como se eu fosse duas pessoas. Uma de mim é cômica, como nesses filmes comédia romântica, que só mesmo a mulherada que gosta. Sou capaz de ir anos na casa de uma amiga e certo dia notar um quadro lindo na parede. E ao elogiar, descubro que está naquele mesmo lugar desde que minha amiga casara. Acho isso em mim, o máximo. Sempre há coisas novas para eu enxergar. Quem é observador e curioso demais, não tem este privilégio. Não sei o número de um dos meus celulares. Não sei o porquê. Há um bloqueio. Mas sei o número do telefone fixo de três mães de amigas de infância. A mente é uma coisa surpreendente.
Eu só percebo o que realmente tem algum sentido, algum valor sentimental. Creio eu!! Não tenho mais certeza de nada. Ultimamente ando mudando de opinião feito adolescente que toda semana gosta de um garoto diferente. Não que seja algum distúrbio de personalidade. Apenas passei a entender mais, algumas pessoas e seus fatos. Criticamos tanto os outros e quando de repente você se encontra em uma situação que traz um monte de questionamentos - iguais aos de onde viemos, para onde vamos....essas coisas de filósofos - Você percebe o quanto tempo perdemos julgando os outros. E é porque não enxergo tudo do jeitinho que é. Às vezes acho tão chato alguém que nunca me fez nada.... e outras vezes passo a amar quem pouco contato eu tenho. E fico assim escrevendo esses textos rídiculos para que minha amigas curiosas me perguntem por meio de msg, o que realmente quero dizer, ou pra quem foi aquela, hein? rsrsrsrsrssrs.
Escrevo desde criança, então nem me perguntem....vou escrevendo e sai coisas sei lá de onde. Deve ser porque penso demais....durmo tarde...durmo pouco...Miguel Falabela precisa apenas de quatro horas para dormir e já tem pique pra começar uma nova história. Então não sou a única, embora eu seja a VALÉRIA, um substântivo próprio que deveria ser simples, mas sou derivada e complexa, por ser várias.
Ontem, Galeno me fez ir ao Girafas (lanchonete). Uma gripe o deixou tão chato, enjoado pra comer...que fui comprar aquelas porcarias tipo Mclanche feliz. Comprei o tal sanduiche e fiquei esperando com a senha 167. Pensando na música "um certo alguém" de Lulu Santos que tocava bem baixinho no local. Um casal em uns amassos ridículos num canto e uma funcionária com pouca vontade de ensinar a menina com a blusa "estagiária". Ah tinha uns gays ( nada contra) conversando baixo, sotaque de fora. Enfim...pimbim 167. Esqueci de dizer que era para viagem. A moça apenas sorriu. Sei que por dentro ela me jogou uma praga. Affff essas coisas não pegam em mim!!! Lá fora meu carro me esperando. E num é que começou a chuviscar e o carro travou? (aqui cabe um xingamento) Mas tinha um detalhe surpreendente: eu ouvia a plin plin quando tentava abrir e também ouvia plin plin na hora que apertava o local para fechar. Imaginei-me entrando pelo porta malas... com ódio mortal do carro, mas ele também não abria. Resolvi então meter a chave, esculhambar logo tudo (pq o som não tá prestando). O alarme disparou. A porta abriu? Abriu (cabe outro xingamento) de jeito nenhum. Vem lá de dentro do Girafas um cara se acabando de rir. Esse carro é meu!!!! O seu é aquele ali!!!! Caímos na gargalhada e todos lá dentro riam também. Menos os que estavam se engolindo lá no canto. Simplesmente o meu carro era um carro depois do que eu estava dentando abrir. Idêntico!! Claro que o do cara não tinha o meu terço enrolado no retrovisor e nem a bagunça que há no meu: brinquedos, sandálias, papeis de propaganda....o do cara era limpinho, ou estava, não sei quem ele é.
O engraçado é que saí mal humorada, com preguiça de ir... e lá, eu mesma me faço sorrir. Aí vem aquela coisa chata que a gente lê: a felicidade depende de nós mesmos! Mas num é que é mesmo?Sempre faço parte de situações engraçadas, algumas desesperadoras como: perder o Galeno no Shopping e dar o maior escândalo que Teresina já viu ( trauma).....vou contar depois as outras coisas.
Galeno quando cheguei da rua agora a tarde, entrou comigo no banheiro. Fiz xixi.(nunca mais, percebi que ele deu uma crescida).
"Mamãe, deve ser ruim, não ter pintola!
Por que Galeno?
Tu faz sentada!
Pois eu acho muito melhor assim, eu nem me molho com os pinguinhos de xixi!!!
Eh....mas quando tu precisa ir no banheiro quando a gente tá na rua, tu diz: pára aí num bar, eu quero ir no banheiro!!
O papai fica em pé perto do carro, faz xixi e ninguém vê".
O menino de cinco anos, observador e curioso, constata que tem umas vantagens por ser homem. Aposto como se ele estivesse comigo teria me avisado que o carro não era aquele.
Pode ter lá suas vantagens em ser observador, mas também a piada foge.
Valéria Hidd.
O tempo nunca calcula sua jornada em vão.
Ele é um presente desembrulhado todos os dias.
Há no pacote alegrias, amores, desilusões, carmas e morte.
E se muitos fogem do viver que lhes aparece e tornam-se
uns espantalhos a espera de pássaros,
hão de saber que estes- os pássaros - jamais se acostumarão com gaiolas
quem dirá, pousando em braços que não abraçam.
Eles irão pousar,descansar e quando o tédio chegar
farão da busca o seu melhor viver....
No começo sem meio, o fim....o Tempo avisa!
Foi-se então, o FUTURO!!!
E continuando o raciocínio sobre o que determina o Tempo e,
já que as coisas chegam ao fim,
por que é que a mente não manda um telegrama para o coração,
avisando-lhe que é perda de tempo sofrer?
Porque é na mente que a esperança mora.
O pobre do coração, que sempre culpado, retrai-se
com tantos desaforos,
vive a buscar a tal Razão,
para o seu sobreviver!!!!
Corpo, mente e alma
um vendaval de emoções deliciosas
para quem escolhe viver.
No entanto, uma união desastrosa
para o morto-vivo.
Não há como ter uma comunicação perfeita
entre o coração e a mente.
Quem iria se apaixonar perdidamente, por querer?
Valéria Hidd

Nós: Eu e Galeno

Horas: dezessete e quarenta. Nada da chave do carro. Respira, Valéria com calma.....percorre a casa...achou....na pia do banheiro. Ficou lá quando ela foi dar uma verificada na beleza. Não há estacionamento próximo ao colégio às dezoite e quinze. Sem problemas. Sem problema coisa nenhuma, Galeno vai começar a reclamar logo ali...na porta....vai resmungando até o carro!!! Bolsas, lancheira,celular, chave do carro, massinha, uma pasta e duas mãos dando de conta de segurar o resmungão. Que como burro dá um passo e pára. Puxa, Valéria, esse menino!!! Puxado e enfiado no carro.

- Eu quero um Mclanche Feliz.....ecoa nos ouvidos da motorista mãe.

No banco do carona tudo rebolado, inclusive o celular.

Humor de Galeno junto ao de Valéria, gera um sonoro, tá boooooooommmmmm.

- Vamos lá, mas primeiro tenho que passar p colocar gasolina. Olha aqui a luz amarela.

- É lalanja!!!!

- Que seja até azul, mas pelo amor de teus bonecos, pára de enjoar, eu tô pra correr loucaaaaaaa!!!!!

- Se tu correr, eu corro também, mamãe.

Sem comentários. Caminho a seguir(sem crase pq antes de verbo não se coloca crase, lembro disso aí!!!).

Não existe desespero maior do que você estar com um filho enjoando, sem gasolina, num congestionamento.....celular toca! Cadê? Juro por tudo o que é mais sagrado que nunca mais rebolo essa coisa no banco. Alcançado....escapuliu para debaixo do banco. Desespero total. E o coisa lá tocando. Tem outro mais próximo....por que a pessoa não liga para o tal de TIM?

Com a confusão do celular que nunca parava. E que veio ao pensamento do que estava ligando, algum acidente, assalto, algo ruim.....nunca que o toque estava vindo lá de baixo. Trânsito lento....abro a porta...enfio-me quase deitada...achei o celular que nessas horas nem deveria existir.

Pronto tudo bem. Vamos ao que traz uma culpa tremenda em Valéria. Dar um sanduíche, um veneno, um engordador p Galeno. Que também espera que seja "difelente" o brinquedo da vez....porque na discovery passou que é num sei quem Bacugan. E tomara que São Luís seja bem próximo a São Paulo. E que este tal Bacugan já tenha chegado.

- Quelo água, quelo água, quelo água.....ahhhhhhhh tô com sedeeeeee!!!!!!

No posto. No posto tem água. Meu Deus, a gasolinaaaaaa!!!!!! Um desespero, vontade de chorar.....

Imediatamente desligá-se o ar. Um conforto que a essa hora passara a ser dispensável mesmo nos deixando sem segurança. Nada da fila andar. Congestionamento. Valéria diz em voz alta: Queria ser uma moto!!!!

- Mas aí você não ia ser minha mãe!!!

Nem sinal de um posto. Sede, gasolina, calor, medo da janela aberta e o pior:CONGESTIONAMENTO!

- ahhhhh.....eu quelo águaaaaaa!!!

- Menino, pelo amor de Deus....cala a boca. No posto tem água. Estamos chegando.

- Estamos, não!!! O posto é do outro ladooooo!!! Eu queloooo águaaa.

Com a constatação de Galeno....do posto ser do outro lado, a imaginação fluiu como se voasse, flutuando, quase que visto a olho nu..... no prego, deixando o carro no meio da avenida, o povo buzinando, ela descalça(não ia sair de salto), arrastando Galeno pela mão ou pelos cabelos....a esta hora não dá mais para raciocinar direito.

Ponto morto e descendo??? Utopia.....estavam em uma pequena subida. Uma desesperadora subida que se tornava aos olhos dela, uma íngreme escada.

- Moçooooo, por favor deixa eu passar....vou ficar no prego de gasolina e meu filho quer parar para fazer xixi.

- Nãooooo, eu quelo é águaaaa!!!

Aos sussuros com os dentes cerrados: "cala a boca!". A voz assustou....menino caladim caladim....

Pronto, um filho de Deus, um quase anjo....deixou o carro passar. E vivaaaaaa....... um posto!

Tudo as mil maravilhas. Gasolina, água e celular desligado por vontade dela. Ranca até a bateria....

- quelo mais Mclanche Feliz, não. Quelo um pizza de mussalela!!!

- Menino tu nasceu pra me enlouquecer, foi? Depois de ter vindo até aqui, sem gasolina, com vidro aberto, parabrisa limpo por duas vezes, moedas simpáticas p cheiradores de cola....e tu me diz que não quer mais essa porra????

- Ahhhhhhhh tu é uma mãe ruim.....vou te colocar na prateleira do supermercado....vou te vender....feia...

Valéria fecha os olhos....respira....aceita a burrice.....lembro de ligar o som...coloca uma música lá do passado....uma música que não liga ela a ninguém....só a ela mesma e, segue atrás da pizzaria. Põe o som alto pra não escutar as lamúrias do filho, que agora quer pizza e que ela crie uma espécie de asa no carro (tipo os carros futuristas de filme de ficção) e chegue o mais rápido possível ao destino traçado mais uma vez por quem nela manda.

Um alívio a chegada. No pé de Galeno só as meias, mas isso era fichinha. Tem nadinha. Nos brinquedos só pode brincar mesmo é descalço.

Menino brincando. Valéria lendo o livro da vez. Mesa com coisas espalhadas....um boneco só pra variar.... Lá vem.....

- Quelo fazer cocô!!!

- Ô menino, não me mata, não!!!!

- Vai sair.....

Recolhe as coisas na mesa...bolsa, boneco, livro, celular.

- Tem que lavar, mamãe?

- Como Galeno?

- Só gosto quando lava!!!!!

- Pois, vai ser no papel mesmo! Chegar em casa te dou um banho.

- Um banho, não. Lava só o meu bumbum!!!

- Táááááááááááááááááá.......

Lá fora a pizza à mesa. A gula toma conta do menino. Valéria nem come, nem ler, nem se concentra em nada.....fica pensando no que irá dar tudo isso.... gosta de pensar que deveria ter férias para mães. Isso gera culpa!!!

- Vou para o pula pula!!!

- Vai, não!!! Vc acabou de comer. Fica só naqueles brinquedos ali (apontou). Vou ler um capítulo e você proveita para brincar um pouco!!!

- Mamãe, olha o Luís Vitor!!!!!

- Vai lá brincar com ele, vai!!!!

Um breve sossego e nada de leitura. Queria era ir pra casa mexer no facebook.

- Mãe, mãe, mãe....

- o quê??????????

- Vou vomitaaaaaaarrrrrrr!!!

Um eco ensurdecedor....uma praga...um azar...um feitiço....tudoooooooo!!!!

Quem adivinhou que o vômito foi em cima da mesa, merece um beijo!!! Galeno vomitou lá, bem em cima, dentro daquele negócio redondo de alumínio.....dentro da forma.....

Com certeza, se algum homem olhasse o seu olhar...se apaixonaria perdidamente por ela. Aquele olhar de cachorro querendo abrigo, piedoso por si próprio....uma lástima de desamparo!!!

Pedido a conta e claro, desculpas pelo estrago e catinga.....Mãe e filho saíram ao encontro do carro.

- Mãezinha, gosto mesmo é quando tu briga!!!Quando você fica assim eu sofro!!!

- Sofre Galeno? Por mim? Não precisa.....esssas coisas acontecem.

- Pois é mamãe, eu bem que disse pro Luís Vitor, que eu não podia pular....mas....posso te dizer uma coisa?

- Galeno, nada mais hoje abála-me!!!

- Que bom, mamãe, porque eu fiz cocô e vomitei....agora eu tô com fome e quelo um Mclanche Feliz!!!!

Valéria aumentou o som e foi pra casa.....ofereceu o que tinha para Galeno e disse:

Pode fazer o que quiser da casa, pegar lençois e arrastar no chão, pegar todos os brinquedos de uma vez, fazer o que quiser......mas pelo amor que você tem pelo seu pai (e é grande, viu, o amor!) deixe-me na minha.


Silêncio

E estava tudo tão quieto.

Ela passou as páginas do livro

num comportamento meio automático.

Tudo para ouvir uma porção de barulho.

O passar das folhas

eram o passar do tempo.

Previsível, o nome daquele dia!

Dentro do comum mesmo contra sua vontade.

Longe da derrota, mas

perto da batalha do silêncio.

Ele incomoda.

Perturba, o silêncio!!!

Valéria Hiddd

Um Fio

Eu vi a areia, a pegada, o mar.

Enxerguei encantada,

aquela paisagem

indo e vindo.

O vento nobre

vindo como brisa

despenteando, desarrumando.

E todos os pensamentos que lá

fui deixar,

agarraram-se a mim

como quem

gritava.... e o livre arbítrio?

Eu, a essa hora,

uma nau vagando em

meio ao vão.

Fazendo uma tempestade

onde só havia o amor.

Na brandura do ser forte

foi-se o pensamento certo.

Ficou o errante, o torto, o curto,

o infinito... o mar.

Uma razão indesejada

lá longe, onde não se enxergava

o horizonte.

Um fio, a vida!

Valéria Hidd.

Mas Moço...

- Dona, uma ajudinha aí?

- Tem, não!!!

- Pois passa esse som aí rápido!!!

- Ah, moço, eu nem terminei de pagar!!!

- Dona, eu não tô brincando, não!

- Nem eu!!! Moço, tu quer um dinheiro aqui...peraí....50 reais!

- O som vale mais, caminha dona! Cinquenta não paga nem a carne que eu come!!

- Ai, não? Pois tu é muito chique. Tu compra carne de quanto o quilo, louco?

- Dona, esse relógio aí é de ouro?

- Ouro? Tu quer o som, o relógio...pq você não vai de pedreiro?Pagam bem!! Tá cheio de vaga na construção civil!!!!

- Pois é... tenho um "poblema na costa", posso pegar peso, não.. E o relógio é de ouro?

- Solta a porta, por favor moço!!! Esse relógio não é de ouro, claro!! Mas foi presente do meu marido posso dar , não!! Toma esses cinquenta, moço, você olhando carro não ganha isso só de uma vez, como agora. Aveee, moço, que calor!!

- Sabe.... a dona "aee" é doida!!!Não fica de papo com malandro, não. Eu sou um cara legal. Passa aí esses 50!!!

- Que bom!! Muito obrigada. Vc é muito gentil. Deixa só eu te perguntar uma coisa: Eu venho nesse banco todo mês...tu vai mexer comigo no mês que vem, não, né?

- Vou, não, senhora. A senhora é muito distinta!!!

- Muito obrigada!!!

Um dia desses....

Uma

Uma
Voltei e libertei as tuas mãos
No meu dominar,
digo onde estão a razão, a emoção e o prazer.
Consciente de que a explosão tem pavio curto.
Coração acelerado, corpo gelado....
Intensidade sem morte.
Deixo-te a curar o teu cansaço.
Nossas respirações ao mesmo tempo num tempo
sem compasso.
Em breve, outra!
Valéria Hidd

E Quando O Ciclo Se Fechar

Queria que a foto de meu perfil tirasse a minha certeza de que um dia irei passar.

Que um dia serei apenas uma lembrança, uma saudade na melancolia de alguém.

Do lembrar de algo que fiz ou disse, ou mesmo do que não fiz.

De um erro, quem sabe?

Do amor que amei. Do amor que troquei ( do qual me orgulho).

Do jeito impulsivo. Do agir, depois pensar.

Do passar dos anos. Do limite que a vida vai me apresentando.

Temo por essa coisa do ciclo se fechar sem me perguntar se está na hora.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O Quarto

Lá no quarto do Galeno tem uns lugares mágicos e aconchegantes. Ele faz das coisas visíveis, umas paisagens lindas. E é tão nítida que dá pra perceber até a cor do mar e o cheiro da caverna. É, gente, dá!!! Eu olho e enxergo a mesma coisa que ele diz lá, caladinho na dele. Com um monte de bonecos(sua paxão). Cada um com seu nome e sua importãncia.

A cama nunca fica com o colchão em cima, porque ela na verdade é um barco. E lá está cheio de marujos, piratas e monstros e claro, ele prórprio, quando está em casa. Ali ele almoça, lancha, janta, assiste desenhos, vídeos...Ele vive no balanço do mar. E nem adianta eu ficar imaginando uma casa em ordens, pois o tal colchão, o obstáculo das brincadeiras de navio pirata do Scooby, fica na verdade encostado na parede de meu quarto. A gente nem percebe mais ele lá...só mesmo quando a Silvia está varrendo e o tira do lugar.

Nossa....e a caverna? Morro de vontade de entrar na caverna. Um dia eu lhe disse que ia passar o dia lá. E ele sorriu. Sorriu porque tem noção do faz de conta em que vive lá em seu quarto. Sabe ele que a falta de outra criança, um parceiros para as brinicar é que fez aquele Mundo Encantado surgir.Tem ciência de que adultos não sabem simplificar as ausências (isso, claro, é interpretado de acordo com sua visão). Bom, a caverna é um espaço retangular que há em seu guarda-roupa. Era para ser um local de guardar sei lá o que, mas é uma caverna. E de tanto ele viver nessa caverna, a porta do guarda-roupa desgarrilhou e é mais uma coisa fora do lugar. Está aqui pertinho de mim. Na sala. A gente nem nota .Embora seja enorme, quase batendo no teto, mas tá lá...é bonita, mas não serve pra nada(pelo menos por enquanto).

Há nas paredes uns monstros desenhados. São do bem. Se é que existe, monstros do BEM, porque ele mesmo, às vezes tem medo dos monstros que ele próprio desenhou. São coloridos...mas o Scooby que eu ainda não desenhei no mesmo espaço(ele quer que eu desenhe Scooby na parede), como ele ainda não está lá, os coisas lá, assustadoras..... fazem medo...e a gente reza para o anjo da guarda para que eles fiquem adormecidos lá mesmo, na parede.

Nas prateleiras já não existem mais nada. Foi tudo tirado. Estão lá...vazias e belas. Essas sim, não servem pra nada. E custaram tanto!!!!! Galeno certa vez, fez uma pilha de caixas de DVDs, subiu e foi lá nas alturas buscar o que queria. Ninguém há de entender, como aquilo, a montanha (como ele descreveu)...ninguém imagina como não escorregou levando-o certamente a uma queda horrível, já que teria tentado se segurar na TV pregada no painel (essa é uma coisa com mais utilidade no Mundo Encantado).

Uma vida mágica, linda, com cheiro agradável e muita inocência. Vejo como simples pode ser a vida, caso a gente saiba driblar as ausências, os desejos por mais e como os monstros (criados em nossa mente) podem ser extirpados da nossa verdade. São apenas desenhos e podem ser coloridos, como os de Galeno. Nos põem medo, mas se acreditamos que algo vive para nos proteger, poxa...fica fácil não ter os obstáculos como concorrentes de nossa paz.

Eu amo assistir aos meus filmes lá nesse Mundo Encantado. Galeno vai ao colégio, ou a noite prefere ficar em outro cômodo e, eu aproveito aquela paz, aquele lugar seguro, com cheiro de bebezinho....para deitar no colchão - que claro está no chão - travesseiros, lençois, ar fresco...não, não há um lugar na casa com aquela maravilhosa sensação!!! Nem vejo o tempo passar. Mesmo quando ele está em cima de mim, beijando-me, amando-me (como ele diz), querendo o seu posto de volta, a sua TV....amo tudo isso. Enrolo, enrolo...até o meu filme chegar ao fim. Volto algumas vezes. Não é raro eu assistir a um filme em quatro,cinco, seis horas. Tenho que parar tantas vezes: quelo água, quelo ir ao banhelo, quelo ir no mclanche feliz....mesmo assim, lá é mais seguro estar.

Minha impaciência. Às vezes me traz tanta culpa! Eu digo: " O QUE ÉÉÉÉÉE!!!!! E ele chora. Chora um choro sentido. Dói...e ele já sabe que não sou perfeita e nem mágica como o seu quarto. Ele sabe que nos amamos e que precisamos de nossos próprios espaços. E quando nos sentimos invadidos, brigamos, questionamos e tomamos o nosso lugar de fato!

É um aprendizado o Mundo Encantado de Galeno. Essa simplicidade de não precisar ter tudo, nem sofrer por querer que as coisas aconteçam o mais rápido possivel e querer, querer tudo tudo tudo....até o que não se pode ter e nem ser, é o exemplo mais lindo e do qual ultimamente, venho prestando atenção. Porque não vou chegar a todos os lugares que quero estar, mas com uma diferença do jeito de ver as coisas, lógico!!!!!Há coisas e pessoas em que tenho que deixar passar, deixar seguir, enterrar o que me traz o impossível. Não tenho barco, nem caverna,nem bonecos...tenhos alguns monstros. Mas estou aprendendo com Galeno que rezando para o anjo da guarda, eles permanecerão lá(sei disso), mas em minha vida, só mesmo o que pode estar inserido em meu MUNDO.

Valéria Hidd.