Acordei com o dia sorrindo. Ah! Um breve lembrar de que a cada manhã tenho um motivo a mais para que eu possa viver em função do dia em que estou. Uma bela lambida e afagos dos cachorros que felizes, correm quando abro a porta da cozinha que dá para a área de fora. Eles não sabem se lá ficam, deixando suas necessidades físicas ou voltam para me fazerem companhia. Correm de um lado para o outro. Derrubar-me, falta pouco! Coloco a ração e água. Eles pulam, empurram-me e eu brigo!
O som da manhã cedinho é lento!! Passarinhos, aquele plimpilm dos carros dos vizinhos sendo abertos, barulhinho dos portões elétricos, vassouras nas calçadas valsando, cachorros com seus donos na praça em frente, Galeno se lamentando.
Um sono que parece jamais sair dos meus bocejos. Como diabo eu acabo de dormir e já chega o dia? Confesso que só mesmo as obrigações para fazer com que eu a essa hora esteja de pé. Oh coisa ruim é acordar cedo. Foi essa coisa de achar que dormir é bom que eu fiz de um feriado, uma hibernação.
Engraçado as fases que a gente vai atravessando! Semana Santa eu só quis dormir. Um desespero para ficar em meu quarto deixando a vida lá fora para quem busca algo. Não que eu não busque, mas na Semana Santa a minha cama, meus filmes e meus livros passaram a ser as prioridades. Desde que tenho celular, anos luz, foi a primeira vez na vida que o abandonei jogado na mesinha de cabeceira, totalmente descarregado. Gente do Céu, foi um ato egoísta ( pois não estava na mesma cidade de dois dos meus filhos, minha mãe longe, amigos por aí...) que me deu uma paz surpreendente. Saí do Mundo e não fiquei com aquele sentimento de culpa ou de estar esquecendo algo ou de que não se pode mais viver sem celular. Não sei quando voltarei a agir assim, mas que foi um ato sensacional para mim, ah isso foi!
Vamos pegando umas manias que nos condicionam. Mandam em nosso querer e causam agonias na alma. Aquele vazio incompreendido fica latejando. Ao invés de darmos mais qualidade de vida para nós mesmos, vamos ficando prisioneiros de obrigações que nem sempre são para ser tratados como prioridades. Hoje acho a desconexão, algo de suma importância.
E assim, ando fazendo com tudo. Facebook também tira tempo de descanso, de leitura, de vida aqui no real. Ando entrando pouco. Respondo aos amigos, que acostumados com a minha presença se preocupam se algo me aconteceu. São pessoas com sua importância em minha vida, como os amigos de fora da tela, mas mesmo não nos vendo com frequência devem entender as minhas necessidades aqui fora. E convenhamos: notícia ruim chega logo, né? Se algo acontece, em seguida todos irão saber.
Com filhos a mesma coisa. Da mesma forma que eles precisam do espaço deles para crescerem, também preciso do meu. Já não ando tão disponível como antes, mas sempre por perto para apoiá-los. O mais novo, claro, ainda com uma atenção mais especial por depender de tudo ainda. E graças ao amor dos irmãos, aproveita a vidinha dele com o auxílio deles também.
Acredito que como a vida é efêmera, nosso papel diante dos que amamos é contínuo, mas sem que nos escravize. Lembro de um dia desses, na infância dos meus primeiros filhos, que íamos para o shopping. E lá eu os deixava na sala de boliche, avisava a um dos responsáveis pelo lugar que o que eles precisassem poderia ser liberado e, ia sozinha para o cinema que ficava quase ao lado. Assim, eu também me divertia. Mesmo que sozinha! Sempre amei a sétima arte mesmo! Mas hoje não dá mais para confiar. Teresina cresceu e junto, as coisas ruins: violência e desrespeito pela criança. Mas sou tão privilégiada que dividimos até o lazer de nosso príncipe que detesta ser chamado assim, por ele seria o Coringa, aquele vilão do Batman. São as dinâmicas da vida. Cada geração, um modo de vida diferente. A minha infância foi na rua mesmo. Caindo, levantando...sendo moleca! Maravilhosos anos foram o final da década de setenta e os anos oitenta.
Perdi umas coisas pelo caminho. De uns tempos para cá não tenho expectativas em relação a mais nada. Vou vivendo o que for possível e tenho as minhas alegrias agindo assim.
As manhã são por vezes acinzentadas por notícias ruins, mas hoje estava tudo azul. Céu sem nuvem com ar de esperança.
Valéria Hidd
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