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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Questão de Ser

Um dia desses, almoçando com duas amigas, não sei porque começamos a falar sobre religião. Coisa muito raro para mim. Gosto mais de conversas tipo nossas relações com nossos homens ( mulher fala até se na cama estão rolando legal as coisas...pasme: com detalhes), compras, comentários por alto da vida dos outros, mas como não sou curiosa quase sempre nada sei, mas fico por dentro dos acontecimentos provincianos de nossa terrinha quente, sobre política, vendas, imóveis, mas sobre religião não! Seria certo falarmos sobre futebol? Só falamos sobre a beleza ou feiura dos jogadores. Graças ao meu bom Deus, as minhas amigas são assim, feito eu: nada de times, nada de compeonatos. Torcemos para o que nossos pais eram ou são, então pra que levantar bandeiras?
Estávamos num lugar super legal. Embaixo das mangueiras tomando cerveja esperando o almoço vir. Algumas pessoas também ali estavam, mas creio que já entrando no ar de final de semana, pois já eram dezesseis horas de uma sexta-feira. Somos assim, sem aquela coisa de que tudo tem que ser numa hora certa todos os dias da semana. Essas regras para que a rotina nos deixe de bem com nossas obrigações e deveres. Um dia sem essas tais nos libertam por algumas horas de nossos tão importantes papeis domésticos. Mesmo exercendo cada uma de nós, nossas tão diferentes profissões.
De repente depois de reclamar sobre esses encontros e desencontros dos quais se fazem misteriosos na vida, concluí: " acho que em outras encarnações deixei algumas coisas mal resolvidas e que estão me incomodando agora". Pronto, uma concordou em partes e a outra sorriu ironicamente afirmando que se fiz más escolhas que não justificasse com algo tão louco de se pensar. "Aqui nascemos, aqui vivemos e aqui morremos. Depois disso tudo, so mesmo o fim. E um dia lá pelas sei lá geração, não existiremos mais para ninguém. A não ser que você seja uma escritora reconhecida e nos coloque em suas histórias/estórias", disse-nos a minha querida amiga.
Não creio que essa vida aqui seja só isso. Seria muito de mal gosto uma coisa dessas. Acho tão sem sentido a gente passar a fase adulta toda se matando de trabalhar ( pobres e ricos ) e depois surgirem os limites e as doenças. Fora as pessoas que gostamos de cara e as que abominamos só de ouvir falar delas. Tem sentido essa empatia ou antipatia por pessoas que nunca nem tivemos maiores intimidades do que nos esbarrarmos por aí vez por outra?
E o fato de encontrarmos pessoas pelo caminho e delas nunca esquecermos? E a criação dos filhos? Eu pelo menos tenho três e foram criados do mesmo jeito e no entanto cada um é de um jeito. Gostos e personalidades diferentes.
Há lugares onde a gente consegue se encaixar e outros, não. Há sonhos com pessoas que nunca vimos e lugares totalmente estranhos. Sonhos com pessoas que já morreram e com sentido total na vida aqui desse lado. Mas aí há inúmeras pessoas que irão falar em subconsciente. Mas não justifica para mim.
Não consigo realmente ver uma coisa concreta na vida, nem razão, nem lógica. Só consigo ver uma continuidade. Algo nos criou seja por qualquer que seja a base de explicação: religiosa ou científica. Fomos gerados por alguma fonte de energia e criamos nossos laços por meio do livre arbítrio. Este que nem sempre condiz com o que é aceitável, mas aos nossos olhos é isso mesmo que se quer ser. Nada a ver com ter. Porque ter, é também algo estranho. Uns querem muito mais, se acham merecedores de tudo, outros aceitam a sua porção pouca de ter e se acomodam, outros se revoltam com todos que  têm e vivem de conspirações, outros têm com uma facilidade impressionante ( será sorte?), outros chegam lá e têm, mas não relaxam, não curtem a vida....e assim cada um com sua abstrata vida.
Creio que somos todos vivos e que, o que chamamos de morte, PARA MIM é apenas a volta para sei lá onde. Isso até me assusta. Sou tão apegada a minha vida com os meus, que pensar em voltar, já me faz sofrer. Não quero aqui expor explicação já que não as tenho. Apenas cheguei a essa visão dos fatos por coisas que acontecem no meu dia a dia. Observações sem fanatismo de crença. Sem achar que o que o homem escreveu em papiro, pedra ou papel  me traga a explicação. Nem quero aqui ser uma polêmica-chata, pois nada quero dizer, além do que EU acredito e sinceramente ninguém tem nada a ver com isso. Tenho o direito, assim como os demais, de pensar o que eu quiser. Uma das coisas que nos é permitido e que eu admiro é que nós temos o direito em crer no que quisermos. Sem claro, nos agredirmos. Sempre respeitei a opinião dos outros, embora discorde de muitas. Para mim o livre árbitrio e o não ser possível ler o pensamento uns dos outros, são juntos o melhor que há na vida. Quantas paixões e ódios ocultos!E já vi que são estes sentimentos que nos regem. São nossos pensamentos, eles geram o escolher. E as consequências dessas escolhas nos fazem ser quem somos: alegres ou tristes, realizados ou frustrados, amáveis ou odiáveis.
Creio que se a vida fosse essa coisa absoluta, de nascer, fazer continuidade da família e depois morrer, não teríamos as contradições que vão aparecendo. Amores nascendo outros morrendo. Hoje em dia está bem aos nossos olhos (antes existia, mas debaixo de sete capas) o amor de algumas pessoas pelo mesmo sexo. É feio? Pensamos no ato desse amor, nas posições, mas nunca no sentimento que o gera. Amar uma pessoa do mesmo sexo é quase que doença para uns. E isso me faz pensar: de onde vem esse amor? Como procriaríamos e levaríamos a raça humana a seguir?
Por essas e outras é que eu creio que tudo aqui na Terra venha de outra vida. E se você tem respostas melhores, nada de querer me indroduzir nelas, pois verei isso como fanatismo. Cada um com sua razão de ver o que não tem como explicar. Sentimentos e emoções, para mim, vêm de um lugar onde ficamos antes de  nascer e depois de nossa morte. Já bastam os mitos e lendas que foram criados para nos explicar o que em vida na Terra jamais entenderíamos.
É de lá de onde eu vim que eu trouxe quem eu sou. É para lá de onde eu vim que levarei quem eu sou.


Valéria Hidd