Tem umas pessoas que ficam em nossas lembranças. Que jamais passam. Fazem feitos que nos encantam eternamente. Tem delas que parte cedo. Acredito que há quem realmente não pertença a este mundo.
Tenho várias dessas pessoas na mente. Umas vi poucas vezes, outras ainda estão comigo.
Sou saudosista e de boa memória. Passo por lugares e sou capaz de recordar detalhes de fatos. Quase todos são como presentes ganhos pela vida e que guardo como joia rara em meu coração. Dão uma aliviada na pressão do viver de agora!!!
A rapidez com que foram acontecendo as coisas no meu caminhar e que me tiraram a visão adolescente, fizeram com que eu valorizasse cada pedacinho da minha história de vida. Não que seja breve. Jamais!! Prezo a vida. Quero viver muito. Pelo menos enquanto tiver saúde.
Mas não desejaria voltar no tempo. Se fiz, fiz!! Se não, já era. Passou. A fila andou!
Há uns de repentes em que vou esbarrando em pessoas queridas que há muito não via, mas jamais esquecidas. Abraços, afagos e o tempo num instantinho, encurta. Somos hoje mais velhos, mas não esquecemos o brilho que tinha lá atrás, o nosso tão perfeito Mundo. E vivemos aquela coisa das mudanças na criação dos filhos, vivemos a liberdade chegando, músicas com letras marcantes e com ideais, vimos filmes inesquecíveis como a Lagoa Azul, Top Gun, a seleção canarinho, o Volei do capitão Willian e no feminino Vera Mossa (eu amava ser chama pelo nome dela), Hortência e Oscar no basquete, o Presidente Figueiredo visitando Teresina, passando pela av. José dos Santos e Silva ( eu estava lá ). Ele, o último militar!!
E tantas outras coisas marcantes e íntimas, como namoros e descobertas, perda da virgindade, as desilusões, as alegrias e pra mim a dor de conhecer o fim de alguns parentes, amigos...isso judia demais. Meus valores são profundamente marcados por conta dessa dor causada pela morte. Sou muito de gente. De amar os meus!
Não havia essa de Bullying ( nem sabia escrever isso), pois éramos crianças resolvidas, sem estresses, sem complexos, sem frustração e não tínhamos maldade nas brincadeiras. Eu tinha apelido. Apelidava também. Era metade faceira, metade moleca!Lembro de um amigo. Um amigo bem especial. O Sales. Amigo de rua. Vizinho desde quando vim morar em Teresina. Ele mexia comigo quando eu passava. Já estávamos sem os rostinhos e corpos de criança. Ele assobiava e ria. Queria me intimidar na frente dos outros. Mas sabia que eu era uma espoleta. Eu agia tão feio, mas agia. Dava o dedo pra ele. E se iam aqueles garotos rindo dele e de mim. Certa vez, na base da molecagem e sendo uma atriz de primeira, cheguei ao meu avô e disse: "Vovô, o Salim toda vez que passo assobia fiu fiu pra mim e eu tenho vergonha. Baixo a cabeça e vou." Ele apenas disse: rum!! Depois eu soube que ao entrar na mercearia do seu Ediverto, Salim deu de cara com meu avô e o cumprimentou com aquele medo que todos tinham dele, pois era austero, mas no fundo muito simpático com as pessoas. " Olhe seu Sales, o senhor pare de mexer com minha neta. Não fique assobiando pra ela feito moleque." Nossa....o chão não se abriu como Salim desejou. Todos riram e quem me conhecia sabia que era apenas sacanagem de minha parte. A noite, em nossos encontros nada casuais, pois nos reuníamos na porta de casa para conversas e gargalhadas, Sales veio uma fera falar comigo. Mas encontrou a amiga sem conseguir ficar séria. Eu ria tanto que nem ele aguentou. Chamou-me de algo que hoje seria " mala". E amigos continuamos como sempre!
Aprontei mais algumas dessas, mas sempre conseguia quebrar o gelo por sorrir.
Uma época de luz, paz e muito amor. Eu nada seria sem essas pessoas que ficaram em seus caminhos, mas que vez por outra atravessam na esquina por onde estou, também, atravessando.
Valéria Hidd
Maravilhoso seu texto, show! É bem assim mesmo, e como o tempo passa, e detalhes de passagens que nos marcaram em nosso passado sempre permanecerão em nossas lembranças, e em nosso coração. Bjão
ResponderExcluirObrigada, Altieris!!Sabemos desse laço!!
ResponderExcluirBjusss